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Promessa de estímulos da China beneficiam commodities e Ibovespa; Petrobras (PETR4) responde bem à nova política de dividendos

Ações da Petrobras (PETR4) empurraram Ibovespa para cima no último pregão de julho. Veja o que esperar desta terça-feira (1)

Por Matheus Spiess

01 ago 2023, 08:48 - atualizado em 01 ago 2023, 08:48

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Imagem: Pixabay

Bom dia, pessoal. Nesta terça-feira, as ações na Ásia fecharam em alta, com investidores avaliando sinais de estabilidade na economia global. A esperança de que o Federal Reserve tenha concluído sua campanha de aumento da taxa de juros contribuiu para esse sentimento positivo. Os dados positivos recentes dos EUA, especialmente a queda na inflação, somados às promessas de medidas de estímulo da China para impulsionar o crescimento, estão sustentando a recuperação pós-Covid do país, apesar de alguns desafios.

Por outro lado, os mercados europeus e os futuros americanos não estão tão otimistas nesta manhã. As previsões para os índices PMI de julho (índice dos gerentes de compras) recuaram, o que aumenta as expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) pause o aperto monetário, mas também gera preocupações sobre o nível de atividade na região. Nos EUA, os investidores estarão atentos a dois indicadores de atividade na agenda, esperando por melhorias no cenário internacional. No entanto, o relatório de abertura de vagas (empregos) é um ponto de maior preocupação para os investidores estrangeiros.

A ver…

· 00:41 — Aquecendo os motores para o segundo semestre

O mercado brasileiro teve um bom desempenho no final de julho, com o Ibovespa registrando fortes ganhos impulsionados pela alta das commodities. O anúncio de estímulos econômicos pela China contribuiu para esse cenário positivo. A Petrobras foi o destaque do dia, respondendo bem à nova política de dividendos e se beneficiando do bom momento do preço do petróleo. O barril subiu 13,8% no mês pelo contrato Brent, o melhor desempenho desde janeiro de 2022, acumulando alta de 3,4% no ano. A demanda recorde, a expectativa de estímulos na China e os cortes na oferta saudita ajudaram a impulsionar os preços da commodity para um patamar elevado.

Em meio a esse contexto econômico, em Brasília, há preocupações com a reforma ministerial, que está atrasada e descontenta os parlamentares. Além disso, a situação de Jean Paul Prates está sob fritura. No entanto, é importante acompanhar o retorno dos trabalhos legislativos, com a prioridade sendo a aprovação do novo arcabouço fiscal. O objetivo é aprovar novamente o projeto na Câmara, após retornar do Senado no início deste mês, para possibilitar o envio do projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) até 30 de agosto. Em seguida, a discussão da reforma tributária sobre o consumo será retomada no Senado, juntamente com os pacotes fiscais destinados a aumentar a arrecadação.

· 01:32 — Sabesp à Venda: Parte da História, Novo Capítulo à Frente

Após anos de promessas e expectativas, a privatização da Sabesp finalmente parece estar avançando. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (sucessor espiritual de Bolsonaro como líder da direita brasileira), informou que o modelo escolhido para a operação será o “follow on” (oferta subsequente de ações), entre as quatro opções disponíveis, por ser mais flexível e adequado à companhia do que o modelo da Eletrobras. A expectativa é que esse formato garanta investimentos para todos os municípios do Estado, mesmo aqueles que não apresentam vantagem econômica, além de possibilitar a redução das tarifas.

Com a privatização seguindo esse modelo, o Estado manteria uma participação minoritária, que poderia ser diluída ao longo do tempo. Isso possibilitou a inclusão de mais R$ 10 bilhões no plano de privatização, elevando os investimentos planejados de R$ 56 bilhões para R$ 66 bilhões até 2029, antecipando em quatro anos a meta de universalização do saneamento para 2029. O governador tem a intenção de aprovar a privatização da Sabesp na Assembleia Legislativa de São Paulo até o final do ano, com a venda prevista para 2024. A longa saga da privatização parece estar chegando ao seu capítulo final.

· 02:18 — Um belo ano até aqui

Nos Estados Unidos, as ações encerraram o mês em alta ontem, mantendo a impressionante corrida de 2023. O Dow Jones Industrial Average registrou um aumento de 3,4% em julho, seguido por uma alta de 3,1% no S&P 500 (o melhor desempenho nos primeiros sete meses do ano desde 1997). O Nasdaq, que já acumula quase 40% de ganhos no ano, teve sua melhor variação de janeiro a julho desde 1975, com um acréscimo de 4% em julho, marcando o quinto mês consecutivo de ganhos para o índice de tecnologia (a mais longa sequência de vitórias mensais desde que subiu por seis meses consecutivos até abril de 2021).

Em agosto, as ações enfrentarão diversos desafios, começando com outra onda de resultados corporativos, incluindo os de gigantes como Apple e Amazon, que serão divulgados na quinta-feira. Outro evento importante será o Simpósio Econômico de Jackson Hole, de 24 a 26 de agosto, onde o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, estabelecerá o tom para a reunião do Fed em setembro. Na agenda, estão também alguns resultados importantes de empresas como Advanced Micro Devices, Caterpillar, Pfizer, Starbucks e Uber. Além disso, os investidores estarão atentos aos indicadores de vagas de emprego e à pesquisa de rotatividade da mão de obra.

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· 03:08 — Quem vai controlar a inteligência artificial (IA)

Recentemente, empresas como Anthropic, Amazon, Alphabet (Google), Inflection, Meta, Microsoft e OpenAI se uniram para realizar o Frontier Model Forum (Fórum de Modelo Pioneiro, em tradução livre), com o objetivo de garantir o desenvolvimento seguro e responsável de modelos de inteligência artificial pioneiros.

Esse grupo está empenhado em pesquisar essa tecnologia e estabelecer as melhores práticas para mantê-la sob controle, especialmente em um momento em que crescem as preocupações públicas e o escrutínio regulatório sobre o impacto da IA. Nos últimos meses, os avanços no campo da IA têm gerado inquietações relacionadas à infração de direitos autorais, violações de privacidade e a substituição de diversas funções.

Em resposta a essas preocupações, a Casa Branca emitiu um comunicado informando que chegou a um acordo com as grandes empresas de tecnologia para criar e adotar novas medidas de controle e supervisão no uso da inteligência artificial. As empresas concordaram em implementar mecanismos para garantir a segurança dos produtos antes de lançá-los ao público.

Além disso, elas se comprometeram a desenvolver ferramentas para identificar conteúdos produzidos por IA, como marcas d’água, e a investir em segurança cibernética para proteger os dados das pessoas. Essa discussão ainda está em seus estágios iniciais e provavelmente levará alguns anos até que seja completamente amadurecida. No entanto, é um passo importante para promover o desenvolvimento responsável e ético da inteligência artificial, levando em conta os impactos sociais e éticos dessa tecnologia em constante evolução.

· 04:05 — Os caminhos da China

O presidente Xi Jinping reiterou a determinação da China em definir seu próprio caminho para reduzir as emissões de carbono, em vez de seguir o alinhamento internacional. O país mantém sua meta de atingir o pico de carbono até 2030 e alcançar a neutralidade do carbono até 2060. Os chineses reconhecem a importância desses objetivos, mas enfatizam que o caminho, método, ritmo e intensidade para alcançá-los devem ser decididos internamente, o que tem gerado questionamentos sobre o alinhamento global em relação ao tema.

Esses comentários surgiram após a reunião do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, com o enviado climático dos EUA, John Kerry, durante as importantes conversas agendadas durante a visita de Kerry a Pequim. Essa postura adotada pela China tem gerado preocupações no mercado, não apenas sobre a posição global do país em relação às questões climáticas, mas também sobre o crescimento do gigante asiático. Além disso, a promessa de estímulos por parte da China tem sido postergada repetidamente, o que aumenta a apreensão em relação ao cenário econômico e político do país.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.