Hoje (9), o mundo opera sem a participação do mercado americano, que está fechado devido ao funeral do ex-presidente Jimmy Carter. Como esperado, a ausência dos Estados Unidos reduz significativamente a liquidez global. No entanto, isso não significa que o dia será desprovido de movimentações relevantes.
Começamos o dia com a divulgação dos dados de inflação ao consumidor na China, que desacelerou em dezembro, registrando uma alta anual de apenas 0,1% em comparação aos 0,2% observados em novembro. Já a inflação ao produtor contraiu 2,3% no mesmo período. Esses números reforçam a fragilidade persistente da economia chinesa, gerando impactos predominantemente negativos nos mercados.
Na Europa, os índices apresentam um desempenho misto nesta manhã, refletindo a divulgação de dados econômicos importantes. A produção industrial da Alemanha cresceu 1,5% de outubro para novembro, superando amplamente as expectativas do mercado. Esse resultado é um alívio para a debilitada economia alemã, mas reduz a probabilidade de cortes adicionais significativos nas taxas de juros da Zona do Euro. Por outro lado, as vendas no varejo do bloco vieram abaixo do esperado.
Entre as commodities, o petróleo segue estável após a queda de ontem, impulsionada por notícias de um possível acordo de cessar-fogo em Gaza, que pode trazer maior estabilidade geopolítica na região. Com isso, o dia promete ser de atenção redobrada aos dados e eventos internacionais, mesmo sem a referência do mercado americano.
· 00:59 — Sob pressão
Por aqui: sem um ajuste fiscal consistente, os ganhos nos ativos locais serão sempre efêmeros, como um típico “voo de galinha”. As desconfianças quanto à política fiscal, as expectativas de inflação desancoradas e o dólar acima de R$ 6 continuam pesando no cenário doméstico. Para piorar, Donald Trump, em uma postura mais agressiva, volta a concentrar as atenções globais, trazendo incertezas adicionais ao mercado.
Como reflexo desse ambiente turbulento, o Ibovespa reverteu o sinal positivo na quarta-feira (8), fechando novamente abaixo dos 120 mil pontos. Entre as 87 ações que compõem o índice, 77 registraram queda, com as maiores perdas concentradas em papéis ligados à economia doméstica, que são mais sensíveis à alta dos juros.
Enquanto isso, em Brasília, Lula se reunirá hoje (9) com os ministros Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e Rui Costa para discutir o projeto de lei que propõe um novo regime de renegociação das dívidas dos Estados com a União, que pode trazer um impacto fiscal bilionário. Contudo, o mercado permanece focado nas tão aguardadas medidas adicionais de contenção de gastos, que parecem estar longe de serem anunciadas. Se depender da lentidão característica deste governo, será melhor esperar sentado.
No radar econômico, além das movimentações políticas, os investidores acompanham a divulgação dos dados de vendas no varejo de novembro, especialmente após a produção industrial de ontem revelar uma perda de fôlego na economia. O ano de 2025 será marcado por uma desaceleração econômica significativa. A grande questão que permanece é como o governo pretende reagir a esse cenário desafiador.
- SAIBA MAIS: Com a perspectiva de alta da Selic para 14,75% em 2025, especialistas dizem onde investir em renda fixa para capturar lucros; veja em evento gratuito
· 01:47 — Patamar elevado
As vendas no mercado de títulos americanos continuam pressionando os rendimentos para níveis críticos, com o Tesouro dos EUA de 10 anos ultrapassando os 4,70%, aproximando-se do pico de 5% registrado em 2023. Já o rendimento dos títulos de 20 anos rompeu a marca de 5% ontem (8), pela primeira vez desde o mesmo ano. A recente vitória de Donald Trump nas eleições americanas tem intensificado esse movimento, alimentando incertezas sobre suas ameaças de novas tarifas comerciais e promessas de cortes de impostos no Congresso, além de levantar questionamentos sobre a capacidade dos Estados Unidos de continuar refinanciando sua dívida pública.
Com pouco mais de dez dias para sua posse na Casa Branca, Trump não tem poupado declarações provocativas, enfatizando seu gosto por gastos públicos, a necessidade de estender o teto da dívida e sua firmeza em adotar uma postura protecionista nas políticas comerciais. Esse tom radical tem elevado as preocupações do mercado quanto ao impacto potencial de suas políticas expansionistas.
A ata de ontem do Federal Reserve reforçou a cautela em relação à trajetória da política monetária, indicando uma probabilidade reduzida de cortes adicionais na taxa de juros ao longo de 2025. O consenso aponta para uma pausa já na reunião deste mês, embora isso não represente necessariamente o fim do ciclo de flexibilização. Na verdade, o Fed parece adotar uma postura de “esperar para ver”.
· 02:36 — Parece até coisa de filme: a Califórnia está pegando fogo
Uma série de trágicos incêndios florestais devastadores está consumindo a Califórnia, atingindo agora Los Angeles, incluindo um que já se destaca como um dos mais poderosos da história recente da região. Alimentados pela tempestade de vento mais destrutiva em 14 anos, os incêndios estão espalhando chamas e fumaça de maneira incontrolável, resultando em mortes, a destruição de residências e a evacuação de milhares de pessoas em busca de segurança.
As autoridades alertam que os incêndios continuarão a representar uma ameaça significativa pelos próximos dias, com as chamas avançando por bairros de alto padrão e sobrecarregando os esforços dos bombeiros. Entre os focos, o incêndio de Palisades, o maior até agora, já consumiu 5 mil acres a oeste de Santa Monica na última quarta-feira (8), destruindo pelo menos mil estruturas.
Esses incêndios têm potencial para se tornar o mais custoso já registrado, não apenas na Califórnia, mas globalmente. A escala e a intensidade dos incêndios surpreenderam até mesmo o governo estadual, que já havia tomado medidas preventivas para a temporada de incêndios. O impacto financeiro será significativo, representando um desafio não previsto para as seguradoras americanas neste primeiro trimestre, com repercussões que ainda estão sendo avaliadas.
· 03:25 — Medo de fragilidade adicional
A confiança do consumidor na Zona Euro recuou 0,7 pontos em dezembro de 2024. Este é o segundo mês consecutivo de deterioração e a leitura mais baixa desde abril, com o índice permanecendo bem abaixo de sua média histórica. Na União Europeia como um todo, o sentimento também caiu, registrando uma redução de 1 ponto, marcando outro mês de declínio consecutivo. Esse pessimismo reflete uma percepção cada vez mais negativa dos consumidores sobre a situação econômica.
Esse ambiente de incerteza é agravado pelas expectativas em torno da postura que Donald Trump adotará ao assumir o cargo em 20 de janeiro. Para as autoridades europeias, a possibilidade de uma guerra comercial desencadeada por novas tarifas americanas representa um grave risco para a economia, comprometendo não apenas o crescimento, mas também exercendo pressões inflacionárias. O clima de tensão reforça as preocupações sobre o impacto do protecionismo na já frágil Europa.
- LEIA MAIS: 2025 chegou – veja como receber gratuitamente uma carteira de ações promissoras para buscar dividendos nos próximos meses
·04:11 — A postura de Zuckerberg
A gigante das redes sociais Meta Platforms (M1TA34) anunciou mudanças significativas dias antes da posse de Donald Trump. Entre as principais novidades está a nomeação de Dana White, presidente do UFC e peça-chave na campanha eleitoral de Trump, para o conselho da empresa, além de Joel Kaplan, um experiente executivo ligado às políticas republicanas, que assumirá o cargo de chefe de políticas globais da Meta.
Ainda mais impactantes são as alterações anunciadas para o conteúdo nas plataformas da empresa — Facebook, Instagram e Threads — que juntas alcançam mais de 3 bilhões de usuários globalmente. Segundo Mark Zuckerberg, a mudança reflete a percepção de que as políticas atuais de moderação, concebidas inicialmente para promover inclusão, têm sido usadas de forma distorcida, resultando em censura excessiva e exclusão de opiniões divergentes. As políticas foram longe demais…
Agora, a Meta, seguindo uma abordagem semelhante à adotada por Elon Musk no X (ex-Twitter), pretende retornar às raízes da liberdade de expressão. Como parte desse esforço, a empresa está eliminando seus verificadores de fatos, que têm sido alvo de críticas por parcialidade política, e os substituindo pelas Notas da Comunidade, uma ferramenta que traz maior equilíbrio e colaboração. Além disso, a Meta está simplificando suas políticas de conteúdo, removendo restrições relacionadas a temas polêmicos como imigração e gênero. A histeria “woke” parece estar chegando ao fim…
Essas mudanças não apenas sinalizam um realinhamento estratégico da Meta, mas também refletem uma guinada global no discurso político e cultural, marcada por uma postura menos alinhada a pautas woke e mais pró-mercado. Essa tendência, que tenho descrito como uma mudança do pêndulo político, deverá ter implicações significativas, inclusive no Brasil, no próximo ano de eleições, peça-chave para o nosso mercado.
· 05:08 — A defesa continuará sendo pauta prioritária
Entre as falas recentes, Donald Trump voltou a causar controvérsia ao exigir que os países da OTAN aumentem seus gastos com defesa para 5% do PIB, bem acima do atual patamar de 2%. Ainda que Trump possa aceitar algo em torno de 3,5%, sua estratégia de negociação já é conhecida: pedir o impossível para, então, chegar a um meio-termo mais viável.
Além disso, há indícios de que ele pretende atrelar diretamente o aumento dos investimentos em defesa a termos comerciais mais favoráveis com os Estados Unidos, reforçando seu estilo de diplomacia transacional…