Bom dia, pessoal. Lá fora, as bolsas de valores asiáticas afundaram nesta quarta-feira por conta da desaceleração na atividade industrial chinesa, aumentando os sinais de enfraquecimento da atividade global. Enquanto isso, os investidores estão ansiosos para a votação do Congresso dos EUA sobre um acordo para evitar um calote da dívida do governo — sem um acordo, as autoridades alertam que o governo ficará sem dinheiro já na próxima semana, o que afetaria a economia e os mercados financeiros.
Xangai, Tóquio, Hong Kong e Sydney recuaram. As commodities também não vão bem, com o barril de petróleo e o minério de ferro caindo bem nesta manhã. Os mercados europeus e os futuros americanos acompanham o movimento negativo e caem neste início de dia. O Brasil deve acompanhar o tom pessimista, principalmente por conta da queda das cotações internacionais das commodities. Além disso, os investidores locais temem desgaste político antes do início do segundo semestre.
A ver…
· 00:40 — Caducando
Por aqui, no front político, o mercado avalia a aprovação do Marco Temporal e da MP do Bolsa Família na Câmara. Enquanto o segundo, que poderia ser votado só no final do mês que vem, é visto com bons olhos pelo governo, o primeiro pode ser entendido como uma afronta — o texto recebeu 283 votos da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). A verdade é que o Palácio do Planalto não fez nada para evitar que terras indígenas só pudessem ser demarcadas se fosse comprovado que os indígenas estavam no local na data da promulgação da Constituição de 88. Os parlamentares de centro e da oposição parecem alinhados como forma de protesto.
De um lado, cria o Ministério dos Povos Indígenas e dá o Ministério do Meio Ambiente para Marina Silva. Do outro, não consegue ser vocal para combater uma proposta que vai contra suas próprias ideias — ainda pode ter constitucionalidade contestada pelo STF em junho, mas não sabemos se a Corte irá querer desafiar Lira na pauta. O governo dá com uma mão e tira com a outra, mostrando um grande desgaste político já no primeiro semestre do mandato. Para piorar, a MP dos Ministérios está prestes a caducar. Deve ser votada hoje, mas se não for (ou cair) toda a estrutura do Ministério de Lula estará invalidada. Não tem sido fácil para Lula. Nenhum passeio no parque.
· 01:39 — A arrecadação
Ainda no Brasil, contamos hoje com os dados fiscais consolidados de abril. O número deve mostrar superávit de R$ 15 bilhões depois do déficit de mais de R$ 7 bilhões em março. As informações vêm depois de o Tesouro reportar ontem que o Governo Central teve superávit de R$ 15,6 bilhões em abril, em linha com o esperado — sabemos que há aqui uma sazonalidade positiva, com a qual o governo acumula R$ 47 bilhões de superávit no ano. Já começamos a ver o impacto sobre a receita da queda do preço do petróleo e da desoneração do IPI. Pelo menos a atividade tem ajudado.
Nos próximos meses, o governo deverá implementar medidas para aumentar a arrecadação e cumprir o novo arcabouço fiscal, gerando uma receita adicional de R$ 63,4 bilhões em 2023, de acordo com a Instituição Fiscal Independente (IFI) — essa estimativa é menor do que os R$ 135,2 bilhões projetados pelo Ministério da Fazenda. Para o período de 2023 a 2025, o governo prevê uma arrecadação adicional de R$ 645 bilhões, enquanto a IFI estima R$ 305 bilhões. O novo arcabouço fiscal, por sua vez, proporciona maior flexibilidade de atuação, mas será de complexa execução.
· 02:32 — Ou vai ou racha
Nos EUA, os investidores estão atentos à votação na Câmara sobre o teto da dívida, ameaçada pelas alas mais radicais dos dois partidos. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, rejeitou as ameaças dos republicanos linha-dura de derrubá-lo por causa do acordo de limite de dívida que firmou com o presidente Joe Biden e expressou confiança de que os legisladores aprovariam a legislação a tempo de evitar um calote dos EUA. O projeto de lei foi encaminhado para votação na Câmara na noite de quarta-feira. Enquanto a tensão está no ar em Washington, o mesmo não pode ser dito das ações de tecnologia, que tiveram uma grande recuperação em 2023.
O índice Nasdaq sobe 24% até agora este ano, sendo que Nvidia liderou esse trajeto, subindo 175% este ano. Paralelamente, os investidores ainda colocam como mais provável um aumento de 25 pontos-base na reunião de junho (cerca de 63% de chance implícita). A maior notícia da semana será a aprovação do acordo do teto da dívida e, depois disso, voltaremos a nos concentrar no Fed, com o número de empregos na sexta-feira (payroll) visto como o ponto de dados mais importante. Hoje contamos com o Livro Bege do Fed, que pode reforçar essa chance de mais uma alta dos juros, e o relatório Jolts sobre empregos. Surpresas podem pesar sobre os ativos.
· 03:31 — Mais uma frustração
A recuperação econômica da China foi mais fraca do que os investidores esperavam. A atividade enfraqueceu em maio, com a queda do índice mensal dos gerentes de compras (PMI) da manufatura, levando os investidores a vender ações e pedir mais medidas de estímulo para impulsionar o crescimento. O dado caiu para 48,8 pontos, a leitura mais baixa desde dezembro de 2022 e mais fraca do que a estimativa mediana de 49,5 do consenso de mercado. Uma leitura abaixo de 50 indica contração.
Já o indicador de atividade não manufatureira nos setores de serviços e construção caiu de 56,4 para 54,5, também abaixo das expectativas. Muito provavelmente, a atividade contraiu em maio devido à fraca demanda do consumidor global e doméstico (a recuperação dos gastos do consumidor chinês está mais lenta do que o esperado). Como consequência, as commodities sofrem internacionalmente, em especial o minério de ferro, que deverá ter um efeito bem negativo sobre os ativos brasileiros hoje.
· 04:13 — Um pouco de sol
A energia solar está emergindo como uma superpotência energética, com o investimento global deste ano no setor (US$ 380 bilhões) ultrapassando os gastos com produção de petróleo (US$ 370 bilhões) pela primeira vez. Segundo a Agência Internacional de Energia, em breve começaremos a ver um sistema de energia muito diferente emergindo, possibilitando que mantenhamos viva a meta de limitar o aquecimento global em 1,5 graus celsius
A mudança é resultado de fortes subsídios e créditos fiscais, como a Lei de Redução da Inflação, nos EUA, bem como o alinhamento de políticas entre as nações em relação à segurança climática e energética e melhor economia de fontes alternativas de energia. A energia limpa está se movendo rapidamente, mais rápido do que muitas pessoas imaginavam. Para cada dólar investido em combustíveis fósseis, cerca de US$ 1,7 está indo para energia limpa. Há cinco, essa proporção era de um para um.
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