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Mercado em 5 minutos

Reforma Tributária aprovada na Câmara e mercado de trabalho americano a todo vapor; confira

Enquanto isso, a China segue em estado crítico de recuperação econômica e os EUA continua com calor anormal.

Por Matheus Spiess

07 jul 2023, 09:05 - atualizado em 07 jul 2023, 09:05

Reforma tributária investimentos dividendos
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos registraram quedas acentuadas nesta sexta-feira (7), seguindo a tendência da sessão anterior, por conta das preocupações com o aumento das taxas de juros após sinais de um mercado de trabalho forte nos Estados Unidos.

Os investidores estão agora aguardando os dados das folhas de pagamento não agrícolas, que serão divulgados no final do dia, para obter mais insights sobre a situação econômica — ontem, uma leitura mostrou que o mercado de trabalho dos EUA permaneceu resiliente e aumentou as preocupações de que o Federal Reserve agirá de forma mais agressiva no aumento das taxas de juros e no controle da inflação.

Os mercados europeus estão operando sem uma direção clara nesta manhã, enquanto os futuros americanos estão em queda. O aumento das taxas de juros, considerado o maior em décadas, está despertando os investidores e relembrando o movimento de venda intenso de 2022.

Após mais de um ano de campanha de aperto monetário por parte dos bancos centrais, os mercados foram surpreendidos pelos recentes sinais de que a maior economia do mundo continua aquecida. Como resultado, a taxa de juros de 10 anos ultrapassou 4%. Essa movimentação também é sentida no Brasil, com destaque para o dólar, que voltou a subir acima de R$ 4,90.

A ver…

· 00:55 — Reforma Tributária Aprovada: parecia impossível, mas aconteceu

No Brasil, tivemos a aprovação na Câmara dos Deputados, em primeiro e segundo turno, da Reforma Tributária sobre o consumo (ainda falta a do Imposto de Renda, que deve ficar mais para frente).

O resultado foi esmagador, com 382 votos favoráveis.

Foram muitas negociações e alterações no texto inicial nas últimas 48 horas, de fato, mas a ala política do governo, o centrão e o ministério da Fazenda conseguiram neutralizar a maior parte da resistência, permitindo que Arthur Lira, Fernando Haddad e Bernard Appy saíssem vitoriosos.

Nos últimos dias, vimos certo estresse dos investidores, principalmente por conta do impasse envolvendo o projeto do Carf, mas agora podemos ficar um pouco mais aliviados, ainda que o resto da pauta econômica fique apenas para depois do recesso (ainda é possível que seja votada antes).

O relator Aguinaldo Ribeiro também foi um dos protagonistas da noite, encerrando suas palavras com vários elogios à atuação de Haddad — a história nos mostra que ministros da Fazenda mais políticos do que técnicos são mais felizes.

O projeto apresentado em plenário foi a terceira versão do texto, que incluiu a ampliação da lista de setores beneficiados com alíquotas reduzidas para os novos impostos, bem como alterações no Conselho Federativo (as decisões do Conselho terão de ter a aprovação dos Estados mais populosos do país).

Essas modificações foram decisivas para contornar a resistência dos governadores, sendo uma vitória para Tarcísio de Freitas, que conseguiu convencer o partido Republicanos e uma parte significativa do PL a apoiarem a reforma.

Ainda restam quatro destaques para hoje, mas o grosso já foi.

· 01:59 — Um mercado de trabalho ainda robusto

Nos EUA, a fraqueza prevista do mercado de trabalho americano ainda não se materializou, pelo menos com base nos dados de ontem.

A pesquisa de vagas de emprego e rotatividade de mão de obra, ou JOLTS, mostrou 9,8 milhões de vagas no último dia útil de maio, abaixo dos 10,3 milhões revisados para cima no mês anterior — para se ter uma ideia, a leitura JOLTS mais alta de todos os tempos antes da pandemia foi de 7,5 milhões.

Em outras palavras, as empresas ainda estão em busca de trabalhadores escassos. Adicionalmente, tivemos o relatório nacional de emprego da ADP para junho, que veio bem acima do esperado, entregando adição de 497 mil empregos, ao invés dos 250 mil previstos. É uma sinalização importante para hoje.

Afinal, o relatório ADP é visto como uma prévia dos dados oficiais de empregos (payroll) que serão divulgados nesta sexta-feira. A estimativa de consenso é que a economia adicione 205 mil folhas de pagamento não agrícolas, após um aumento de 339 mil em maio.

A taxa de desemprego deve cair para 3,6%, enquanto espera-se que os ganhos médios por hora aumentem 0,3% na comparação mensal.

Esses dados do mercado de trabalho estão vindo após as atas do Fed desta semana, que foram entendidas como mais hawkish (contracionistas) do que o esperado.

Tudo combinado, temos um forte argumento para a retomada dos aumentos das taxas de juros pelo Federal Reserve em sua luta contra a inflação. 

· 02:43 — Deixe-me ir, preciso andar

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) concluiu, após uma revisão de dois anos, que o plano do Japão de liberar águas residuais tratadas do local do desastre nuclear de Fukushima está em conformidade com os padrões globais de segurança.

De acordo com a AIEA, as propostas de descargas controladas e graduais da água tratada no Oceano Pacífico teriam um impacto radiológico insignificante nas pessoas e no meio ambiente. O Japão parece bem ansioso para virar essa página, finalmente.

Mas nem todo mundo está feliz. O Ministério das Relações Exteriores da China, por exemplo, alertou no mês passado que o oceano não é o esgoto particular do Japão.

A água contaminada, mas tratada, seria o suficiente para encher cerca de 500 piscinas olímpicas.

Seja como for, o processo pode levar 40 anos, então não seria nada imediato e feito de forma irresponsável.

Espero que seja marginalmente positivo para a percepção da energia nuclear, que voltou a ser uma boa opção nos últimos anos.

· 03:32 — E os estímulos chineses?

Os mercados asiáticos caíram nesta sexta-feira, após fortes dados de contratação privada nos EUA agitarem Wall Street, derrubando as ações à medida que as taxas do Tesouro subiam acentuadamente.

Por lá, os investidores também estão atentos à reunião de Janet Yellen e Li Qiang em Pequim em busca de qualquer sinal de melhora nos desgastados laços comerciais das duas superpotências. Um ambiente geopolítico mais calmo seria bem recebido pelos mercados internacionais, sem dúvidas.

Por falar em melhora econômica, o primeiro-ministro da China, Li Qiang, prometeu não poupar tempo na implementação de um conjunto de políticas direcionadas para fortalecer a recuperação da economia da pandemia.

A China está em um estágio crítico de recuperação econômica. Uma série de medidas direcionadas, abrangentes e bem coordenadas devem ser implementadas rapidamente para estabilizar o crescimento e o emprego, evitando riscos, disse ele sem dar mais detalhes. 

· 04:21 — Os incêndios continuam

A fumaça do incêndio florestal canadense está se tornando global. Depois de Nova York, foi a vez de Chicago conquistar o título de “pior qualidade do ar do mundo” recentemente, depois que a fumaça dos incêndios florestais canadenses se espalhou para a região dos Grandes Lagos e outras partes dos EUA.

Para piorar, parece que a fumaça dos incêndios de Quebec viajou até mesmo sobre o Oceano Atlântico para Portugal, Espanha, França e outros países europeus, mas, ao contrário da névoa que apavorou NY há algumas semanas, a fumaça na Europa não apresenta um risco à saúde, uma vez que está em um nível muito mais alto na atmosfera.

Os incêndios florestais, entretanto, continuam no Canadá e o vento continua soprando a fumaça para os EUA e outras regiões. Nos últimos dias, a fumaça pairava sobre o meio-oeste enquanto também se dirigia para o leste.

Ao todo, os alertas de qualidade do ar estavam em vigor em 20 estados e aplicados a quase um terço da população dos EUA.

Paralelamente, ainda sobre condições externas desagradáveis, a onda de calor no Texas não mostra sinais de diminuir, sendo responsabilizada por pelo menos nove mortes e sobrecarregando a rede elétrica do estado.

Como sabemos, os eventos climáticos extremos estão acontecendo em um número cada vez maior, gerando custos adicionais relevantes.  

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.