Bom dia, pessoal. As atas da última reunião do Federal Reserve foram consideradas hawkish (contracionistas), embora grande parte dessa abordagem já fosse antecipada pelo mercado. A mensagem principal era clara: se a inflação voltasse a sair do controle, o Fed aumentaria as taxas. No entanto, a probabilidade desse cenário é baixa.
Infelizmente, o mercado reagiu vendendo primeiro e analisando depois. Para mim, a ata pareceu desatualizada, pois a reunião ocorreu antes da divulgação de dados relevantes nos últimos dias. O mau humor do mercado ontem pode ser revertido hoje com a digestão dos bons resultados da Nvidia. Os futuros americanos estão em alta, assim como os mercados europeus, embora os mercados asiáticos não tenham acompanhado o otimismo.
O sentimento nos mercados asiáticos foi prejudicado pela possibilidade de uma nova guerra comercial entre os EUA e a China, após a retaliação chinesa às tarifas mais elevadas impostas pelos EUA em setores empresariais importantes. Além disso, os exercícios militares chineses perto de Taiwan assustaram os investidores, juntamente com a digestão das atas do Fed.
Na agenda, temos a reunião dos ministros das finanças do G7 e alguns dados de atividade na Europa, que começa a considerar um ciclo de flexibilização da política monetária. Não me surpreenderia ver cortes de juros na Zona do Euro e no Reino Unido já em junho. No Brasil, a contínua desancoragem das expectativas econômicas está se tornando uma preocupação crescente.
A ver…
· 00:57 — Pra que falar sobre isso agora?
Por aqui, o Ibovespa registrou uma queda acentuada durante a quarta-feira, em um dia marcado por uma agenda carregada tanto no Brasil quanto no exterior. Vale destacar que o desempenho geral da Bolsa foi pior do que o índice demonstrou, pois a Petrobras ajudou a amortecer a queda. Além do nervosismo com a questão fiscal, tivemos que lidar com a ata hawkish do Fed e a expectativa pelos resultados da Nvidia.
Para complicar ainda mais, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma declaração polêmica ao afirmar que uma meta de inflação de 3% é “exigentíssima” e “inimaginável”, gerando aversão ao risco e preocupações sobre uma possível mudança na meta de inflação. Sabíamos que haveria um novo entendimento em favor de uma meta contínua, mas a ideia de mudar a meta é exagerada.
A declaração foi feita durante uma audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Qual a necessidade de abordar esse debate agora? Isso apenas prejudica ainda mais as expectativas, que já estão desancoradas. Entendo que há um argumento válido para debater se a meta de inflação dos EUA for 3%, a do Brasil deveria ser maior, mas uma discussão séria sobre isso deve ser feita de maneira técnica.
Hoje, o ministro terá novas oportunidades de se pronunciar, com uma reunião com representantes da agência S&P e um evento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base. São boas chances para tentar minimizar o estrago feito ontem. Nos próximos dias, Haddad pretende apresentar as medidas de compensação à renúncia fiscal e o segundo projeto de lei complementar que regulamenta a reforma tributária. A agenda em Brasília estará cheia.
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· 01:45 — Não podemos perder o foco
Ainda no Brasil, o tema fiscal seguiu em evidência com a divulgação do segundo Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas. Ontem, o governo anunciou a reversão do bloqueio de R$ 2,9 bilhões no Orçamento feito em março e revisou a projeção de déficit primário de R$ 9,3 bilhões para R$ 14,5 bilhões. Esse cenário me preocupa. Embora o secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos, tenha afirmado que a remoção do bloqueio não implica em uma percepção de recursos sobrando, a dinâmica não parece tão positiva.
Houve, de fato, um avanço estrutural na arrecadação, e os dados deste mês fornecerão um panorama mais claro das receitas decorrentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). No entanto, um ajuste fiscal baseado apenas no aumento da arrecadação tem suas limitações. É essencial manter a vigilância sobre a agenda fiscal e estar aberto à revisão de gastos, além de simplesmente aumentar a arrecadação. A falta de ajustes pode desancorar ainda mais as expectativas.
A projeção para a Selic média em 2024, por exemplo, subiu de 9,63% para 10,31%. Para complicar ainda mais, a atividade econômica sofrerá impactos de curto prazo devido à tragédia no Rio Grande do Sul, embora esses impactos possam ser ajustados ao longo do ano.
O governo estima que as despesas decorrentes da calamidade no RS até agora somam R$ 12,9 bilhões. Se esses recursos fossem incluídos na meta fiscal, o déficit em 2024 seria de R$ 27,5 bilhões. É provável que muito mais será necessário para o estado, que ainda enfrenta dificuldades significativas.
· 02:32 — Uma ata um tanto quanto velha
Nos EUA, as últimas atas do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) revelam que, no início deste mês, os membros do Federal Reserve concordaram em manter as taxas de juros elevadas por um período prolongado. Alguns membros questionaram se a política atual era suficientemente restritiva para reduzir a inflação ao objetivo desejado. Em outras palavras, houve considerações sobre a possibilidade de aumentar ainda mais os juros, sem indicar ao mercado qualquer sinal de alívio.
Compreendo a cautela nos discursos e a necessidade potencial de manter os juros altos por mais tempo, mas duvido que uma elevação adicional ocorra nos EUA. Diante desse cenário, não é surpresa que os investidores estejam um pouco nervosos. Vale destacar, porém, que a ata está desatualizada. A reunião aconteceu antes da divulgação do último relatório de emprego (payroll) e dos dados de inflação, que ajudaram a acalmar os ânimos.
A ansiedade nos mercados é evidente e não deve desaparecer tão cedo, refletindo talvez um novo imediatismo que veio para ficar. A realidade é que as chances de cortes de juros nos EUA são cada vez menores. Resta ver se o cenário base de dois cortes de 25 pontos base, um em setembro e outro em dezembro, ainda se manterá.
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· 03:21 — Um belo resultado
É difícil subestimar o impacto que a Nvidia teve no setor de tecnologia americano e no mercado mais amplo nos últimos 18 meses. A empresa se tornou a principal aposta em inteligência artificial, alcançando um valor de mercado de 2,34 trilhões de dólares, enquanto produz uma infinidade de chips para executar aplicações de IA em centros de dados e na nuvem. A notícia do desdobramento de ações (1 para 10) é positiva para a liquidez do papel.
O último resultado trimestral da empresa, divulgado ontem, destaca a impressionante evolução de seus números. A receita aumentou 262% no último trimestre em relação ao ano anterior, atingindo US$ 26 bilhões. Simultaneamente, os lucros cresceram impressionantes 461%. Esses números superaram facilmente as já elevadas previsões de Wall Street, assim como as perspectivas da Nvidia para o trimestre atual, que termina em julho. As ações estão subindo mais de 7% no pre-market de hoje, indicando um dia positivo pela frente.
· 04:18 — Eleições gerais
O atual primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, solicitou ao rei a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições. Embora soubéssemos que as eleições ocorreriam inevitavelmente até o final do ano, a antecipação para 4 de julho foi uma surpresa inesperada. Isso pode ser um sinal de que o parlamento se tornou cada vez mais ingovernável para Sunak após as recentes derrotas locais dos conservadores.
Agora, o primeiro-ministro enfrentará uma campanha eleitoral de seis semanas, acreditando que a economia britânica mostrará sinais adicionais de recuperação. Os últimos dados de atividade e inflação indicaram uma certa resiliência da economia, o que Sunak espera que jogue a seu favor. No entanto, essa estratégia parece arriscada. O Partido Trabalhista mantém uma vantagem consistente de cerca de 20 pontos nas pesquisas há meses, sugerindo que poucos acreditam na capacidade dos conservadores de estender seu domínio de 14 anos no poder.
· 05:06 — A gigante da inteligência artificial
As ações da Nvidia (Nasdaq: NVDA) subiram mais de 7% nas negociações após o expediente de ontem e continuam a subir no pre-market desta manhã. A companhia divulgou resultados do primeiro trimestre que superaram as estimativas dos analistas. Anteriormente recomendadas no M5M+, as ações já acumulam uma alta de mais de 20% desde minha indicação. A questão agora é: com um valor de mercado superior a US$ 2 trilhões, ainda vale a pena manter a Nvidia? É o que quero explorar hoje.
Primeiramente, vamos aos números…