Bom dia, pessoal. Durante o feriado de quarta-feira (1) no Brasil, os mercados globais focaram sua atenção na reunião de política monetária do Federal Reserve nos Estados Unidos. Conforme as expectativas, o Fed manteve a taxa de juros estável e adotou uma postura mais cautelosa em relação aos futuros passos, refletindo preocupações recentes sobre a persistência inflacionária.
Um destaque positivo foi o anúncio de uma desaceleração, a partir de junho, no ritmo de redução do balanço do Fed, um movimento menos restritivo que alivia as pressões do cenário de juros elevados por um período prolongado.
Hoje, os mercados internacionais devem assimilar melhor os desenvolvimentos de ontem, enquanto também aguardamos o relatório de perspectivas econômicas da OCDE. Nos Estados Unidos, serão divulgados dados sobre a produtividade (resíduos do cálculo do PIB), e a temporada de resultados continua, com destaque para a Apple, que divulgará seus resultados após o encerramento do mercado hoje.
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quinta-feira, refletindo as preocupações de que as taxas de juros americanas possam se manter elevadas por mais tempo, apesar das sinalizações do Federal Reserve de que novos aumentos de taxa são improváveis por agora. Neste contexto, os futuros americanos apresentaram alta nesta manhã, assim como os preços do petróleo e do minério de ferro.
A ver…
· 00:57 — Ninguém sabe de onde veio essa melhora na perspectiva
No Brasil, hoje enfrentaremos o desafio de assimilar os eventos de ontem, uma vez que o mercado esteve fechado devido ao feriado. Esse retorno pode ser positivo, tendo em vista que o EWZ, principal ETF brasileiro, apresentou uma alta de 0,39%, e alguns ADRs brasileiros, como Vale e Itaú, também registraram ganhos em Nova York.
A agenda local inclui a continuação da temporada de resultados financeiros, com destaque para o Bradesco, que divulgará seus números antes da abertura do mercado. Além disso, serão divulgados dados do setor externo de março. Outro ponto de interesse é a notícia de que a Moody’s melhorou a perspectiva do rating Ba2 do Brasil de estável para positiva, um fato que foi amplamente celebrado por Haddad nas redes sociais.
Essa mudança de perspectiva, contudo, deixou muitos questionamentos no ar. A Moody’s justificou sua decisão citando o crescimento mais robusto do PIB brasileiro, suportado por reformas estruturais e um progresso contínuo, embora gradual, na consolidação fiscal, que, segundo eles, poderá permitir a estabilização da dívida. A validade deste argumento é parcialmente confirmada pelos recentes dados de emprego, que superaram as expectativas.
No entanto, a parte relacionada à consolidação fiscal parece desconectada da realidade atual, uma vez que estamos enfrentando uma erosão preocupante da credibilidade fiscal. É essencial que o governo apresente um plano crível para reorganizar as contas públicas e restaurar a confiança dos investidores.
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· 01:48 — Teremos juros elevados por mais tempo, mas pelo menos os juros não vão subir (e ainda há chance de queda)
Nos Estados Unidos, como antecipado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) decidiu manter inalteradas as taxas dos fundos federais (FFR), fixadas entre 5,25% e 5,5%, com um ponto médio em 5,37%, durante sua reunião mais recente. As atenções se voltaram, como de costume, para a coletiva de imprensa conduzida por Jerome Powell.
O Fed continua a observar que ainda não se alcançou progresso substancial em direção à meta de inflação de 2%, indicando a necessidade de manter as taxas de juros elevadas por um período prolongado. A duração exata desse período, contudo, permanece indefinida por Powell. A maioria dos indicadores de inflação permanece em um intervalo considerado aceitável e o deflator central do PCE, que é uma métrica de inflação que influencia diretamente a política do Fed, tem mostrado sinais de enfraquecimento. No entanto, as condições ainda estão longe do ideal, apesar de alguns avanços modestos.
A recente deterioração nos indicadores de inflação e os dados sólidos de consumo de serviços no primeiro trimestre refletiram em um tom mais cauteloso na declaração do Fed, conforme esperado pelo mercado. Como resultado, as taxas de juros na curva de rendimentos se mantiveram estáveis, com a taxa de 10 anos ainda acima de 4,60%. Ainda existe a possibilidade de uma redução das taxas de juros, embora atualmente só se preveja uma redução (com o cenário mais otimista prevendo dois cortes em 2024).
Outra novidade destacada no comunicado foi o anúncio de que o Fed irá diminuir o ritmo de redução de seu balanço patrimonial a partir de junho, o que é visto positivamente em termos de liquidez do mercado, considerando que a redução vinha sendo feita de forma bastante agressiva desde 2022.
· 02:51 — O segundo mandato Trump
Investidores frequentemente questionam como seria um segundo mandato de Trump, especialmente agora que as pesquisas indicam uma disputa acirrada para as eleições americanas de 2024. A opinião geral, surpreendentemente forte, sugere que um segundo mandato de Trump diferiria significativamente do primeiro, trazendo várias implicações.
Isso ocorre mesmo com o consenso de que ele não divergiria drasticamente de Biden em termos de política monetária e fiscal, dado o limitado espaço para manobras. Mesmo em termos de política comercial, uma área de destaque em seu governo anterior, as mudanças em relação às abordagens protecionistas de Biden não seriam radicais. Então, o que realmente mudaria?
O primeiro ponto de divergência seria nas questões sociais e de costume, onde as visões dos dois líderes são marcadamente distintas. Hoje, o eleitor médio parece mais desvinculado do crescimento econômico e do robusto mercado de trabalho, possivelmente devido às sequelas inflacionárias da pandemia e à qualidade dos empregos gerados.
Em relação às políticas externas, Trump provavelmente adotaria uma postura mais rigorosa com os membros da OTAN do que Biden, o que poderia influenciar os conflitos na Ucrânia e em Israel. Outra diferença notável seria na abordagem do déficit público. Os dois poderiam gerar mais déficits: Biden tende a aumentar os gastos, enquanto Trump preferiria cortar impostos, compensando parcialmente com altas tarifas de importação, especialmente contra a China.
A política comercial, embora protecionista sob ambos os governos, seria mais agressiva em taxações sob Trump, potencialmente reacendendo tensões públicas com a China e afetando os mercados globais. Finalmente, Trump provavelmente se concentraria em resolver as ações legais contra ele, que ele considera injustas, o que poderia levar a um período turbulento para o sistema judiciário americano.
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· 03:45 — A saída do TikTok
Na última quarta-feira, como parte de um extenso pacote de ajuda internacional que incluía suporte crucial para a defesa da Ucrânia, o presidente dos EUA, Joe Biden, promulgou uma legislação que obriga a ByteDance, a empresa chinesa proprietária do TikTok, a vender o popular aplicativo de compartilhamento de vídeo para uma entidade americana dentro de um ano ou enfrentar uma proibição no país.
Essa medida se justifica por preocupações de segurança nacional, dado que o TikTok, em última análise, está vinculado ao governo chinês, que é visto como um regime autoritário engajado em uma crescente rivalidade estratégica com os Estados Unidos. Além disso, é importante destacar que o Partido Comunista Chinês já impõe restrições a todos os aplicativos de mídia social americanos sob o mesmo pretexto de segurança nacional. Na China, o TikTok opera apenas como uma versão altamente censurada conhecida localmente.
Idealmente, a relação entre os EUA e a China em áreas como essa seria marcada pela competição, não confronto. O TikTok tem sido objeto de críticas políticas bipartidárias nos EUA, especialmente num Congresso onde a animosidade contra a China é um dos raros pontos de consenso entre os partidos. Recentemente, a situação se agravou quando muitos usuários americanos do TikTok começaram a receber um fluxo de conteúdo anti-Israel e, em muitos casos, antissemita, impulsionado, supostamente, pelo algoritmo da plataforma. Esse foi o estopim para ações mais drásticas.
No entanto, é altamente improvável que a China concorde em vender o TikTok. Assim, em 2025, é provável que o aplicativo seja banido, deixando 170 milhões de usuários americanos sem acesso. Isso pode resultar em uma vantagem para outros aplicativos como Instagram, da Meta, e YouTube, da Alphabet, que provavelmente absorverão esses usuários.
· 04:22 — A invasão de Rafah
Nesta semana, o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mesmo apresentando uma oferta diluída para um acordo sobre reféns com o Hamas, declarou que prosseguirá com a invasão de Rafah, uma cidade no sul de Gaza onde mais de um milhão de palestinos residem, independentemente de um cessar-fogo ser estabelecido ou não. Esta postura de Netanyahu parece ser uma tentativa de aplacar os elementos mais radicais de seu governo de coalizão, que exigem a invasão de Rafah e ameaçam derrubar o governo caso suas demandas não sejam atendidas.
Paralelamente, Antony Blinken, Secretário de Estado dos EUA, está na região para facilitar as negociações de cessar-fogo. Essas discussões ocorrem em um momento em que o governo Biden procura persuadir a Arábia Saudita a normalizar relações com Israel — um movimento que representaria um significativo triunfo diplomático para a administração americana, especialmente em um ano de eleições.
Em contrapartida, a Arábia Saudita deseja ampliar a cooperação de segurança com os EUA e promover um programa nuclear civil. Contudo, é improvável que Riade concorde com tais termos sem que Israel se comprometa a avançar na direção de estabelecer um Estado palestino, proposta à qual Netanyahu se opõe.
· 05:14 — Belos lucros
A Amazon, uma das empresas estrangeiras que acompanho de perto, mais uma vez demonstrou um desempenho impressionante, como refletido nos resultados do último trimestre. No passado, já havia recomendado a Amazon, e a empresa não decepcionou, com suas ações apresentando uma valorização de mais de 6% nos últimos cinco dias.
No primeiro trimestre, na linha das receitas, a gigante da tecnologia registrou US$ 143,31 bilhões entre janeiro e março, um aumento de 12,5% em relação ao ano anterior, superando ligeiramente as previsões do mercado de US$ 142,65 bilhões. As vendas na América do Norte cresceram 12%, alcançando US$ 86,3 bilhões, enquanto o crescimento no mercado internacional foi de 10%, chegando a US$ 31,9 bilhões. Destaque aqui para o…