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Reunião do Fed, com projeções econômicas, é principal evento da agenda internacional desta quarta (12)

Além do evento no Federal Reserve, o mercado aguarda dados de inflação ao consumidor nos EUA.

Por Matheus Spiess

12 jun 2024, 09:14 - atualizado em 12 jun 2024, 09:14

taxas de juros - Fed
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. O principal evento do dia na agenda internacional é a reunião do Federal Reserve, que incluirá a publicação trimestral das projeções econômicas e a tradicional coletiva de imprensa conduzida por Jerome Powell, presidente da autoridade monetária.

Embora não se espere uma mudança na taxa de juros, o tom do comunicado pode se tornar mais austero, especialmente após os últimos dados de payroll. Parece cada vez mais que o comitê está seguindo a linha de pensamento de Powell, aceitando uma inflação mais alta para evitar uma recessão, contrariando o que muitos membros acreditam ser ideal.

Apesar da ansiedade, os mercados europeus e os futuros americanos estão em alta nesta manhã.

No entanto, a situação é diferente na Ásia, onde a maioria das ações caiu nesta quarta-feira (12). A expectativa por novos sinais sobre a inflação e as ações do Federal Reserve, juntamente com relatos de um escrutínio comercial mais rigoroso dos EUA contra a China, afetaram negativamente o sentimento do mercado.

Além disso, evidências de nacionalismo econômico na União Europeia também chamaram a atenção, com a provável imposição de um imposto significativo sobre veículos elétricos chineses.

Além do evento no Federal Reserve, a agenda do dia inclui dados de inflação ao consumidor nos EUA, tornando a macroeconomia internacional especialmente relevante nesta quarta-feira.

A ver…

· 00:52 — Cansou de cair? Veremos hoje…

Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,76%, alcançando 121.681 pontos, mesmo com a surpresa negativa em relação à inflação ao consumidor.

Os investidores reagiram principalmente à alta dos preços do petróleo, o que impulsionou as ações da Petrobras e da Prio, destacando-as entre as principais contribuições positivas.

Além disso, a possibilidade de o governo retirar a medida provisória que limita o uso de créditos do PIS/Cofins beneficiou as varejistas.

Em relação à inflação, observamos uma alta de 0,46% em maio, superando a expectativa de 0,42% e o índice de 0,38% registrado em abril.

Esse aumento foi impulsionado por uma aceleração relativamente ampla, incluindo bens industriais, serviços básicos, serviços intensivos em mão de obra, passagens aéreas e eletricidade.

Mesmo com esses dados, a terça-feira foi marcada por uma propensão ao risco, corrigindo os excessos de pessimismo observados na sexta-feira anterior.

Para hoje, o foco está na absorção da agenda internacional e nos dados do setor de serviços. Em Brasília, continuamos a acompanhar os esforços do Ministério da Fazenda para controlar a expansão dos gastos e compensar a manutenção da desoneração fiscal.

Paralelamente, as discussões sobre a Reforma Tributária do Consumidor prosseguem. Nesta quarta-feira, especificamente, será fundamental acompanhar a votação da emenda constitucional que garante autonomia financeira ao Banco Central em comissão do Senado, o que tornaria a instituição independente em termos orçamentários.

Embora essa medida seja defendida pelo governador do Banco Central, enfrenta oposição do governo. Caso aprovada pela comissão, a proposta seguirá para análise no plenário do Senado.

Essa aprovação representaria um avanço significativo, especialmente enquanto aguardamos a publicação do decreto sobre a adoção de um horizonte contínuo de metas de inflação a partir de 2025, permitindo que a meta de inflação seja perseguida por um período superior a um ano.

No entanto, ainda há muito a ser feito para ancorar as expectativas inflacionárias.

· 01:47 — E essa inflação americana?

Nos EUA, os índices S&P 500 e Nasdaq Composite voltaram a atingir recordes de fechamento, impulsionados por um número relativamente pequeno de empresas: apenas 182 ações do S&P 500 subiram. Para ilustrar, o ETF Invesco S&P 500 Equal Weight, que dá a todas as ações do índice o mesmo peso, caiu 0,4%. Hoje, especificamente, os índices voltam a subir nos futuros, ao menos pela manhã. Na agenda, será fundamental acompanhar o dado de inflação ao consumidor de maio e o resultado da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC).

Com relação ao dado de inflação, a forte deflação nos bens energéticos deve resultar em uma desaceleração significativa do índice, de 0,3% para 0,1% na comparação mensal. O núcleo do IPC, porém, deverá permanecer em torno de 0,3% devido à recuperação contínua dos preços nos serviços médicos e nos seguros automotivos. Se essa dinâmica se concretizar, o índice aumentará 3,4% na comparação anual, permanecendo estável em relação a abril, enquanto o núcleo registrará uma ligeira desaceleração de 3,6% para 3,5%.

Um dado em linha ou ligeiramente abaixo do esperado provavelmente não mudará o tom do comitê hoje, mas poderá direcionar de maneira mais positiva o mercado nos próximos meses. Por outro lado, um dado forte seria desfavorável.

· 02:36 — Para além da coletiva mais cara do mundo

Além dos dados de inflação, o grande destaque do dia será a conclusão da reunião do Fed. Ninguém espera uma mudança nas taxas de juros agora, o que coloca ainda mais peso na fala de Powell em sua coletiva de imprensa.

Historicamente, Powell tem adotado um tom mais “dovish” (flexível), mas como já faz quase um mês desde sua última aparição, é possível que haja novidades.

Além disso, teremos a atualização do Sumário de Projeções Econômicas (SEP) do FOMC, conhecido como Dot Plot. Este documento é uma coleção trimestral de previsões para a economia, inflação, mercado de trabalho e taxas de juros, realizadas pelos sete governadores do Fed e pelos 12 presidentes regionais do banco.

Em março, a previsão mediana do SEP indicava uma meta para a taxa dos fundos federais até o final de 2024, o que implicava três cortes de 25 pontos base este ano.

É provável que isso mude, considerando o mercado de trabalho resiliente e a inflação persistente observada desde então.

Provavelmente, o consenso do Fed se ajustará para dois cortes de 25 pontos base, mas com grande dispersão entre os membros, com alguns apostando em apenas um corte ou até nenhum.

Se houver alguma surpresa significativa no sumário, podemos esperar mais volatilidade no mercado.

A questão que permanece é até quando Powell conseguirá manter um tom mais dovish em sua coletiva.

· 03:25 — A força dos veículos chineses

Os fabricantes chineses de veículos elétricos apresentaram números impressionantes de entrega em maio. A BYD, que no ano passado superou a Tesla como a maior vendedora de EVs do mundo, manteve a liderança com mais de 300 mil veículos elétricos e híbridos plug-in vendidos pelo terceiro mês consecutivo.

Um dos destaques da BYD é o hatchback elétrico Seagull, que, vendido por menos de US$ 10 mil na China, tem conquistado o mercado ao oferecer recursos premium, como carregamento de telefone sem fio, a um preço acessível.

A BYD planeja começar a vender o Seagull na Europa no próximo ano, o que pode representar um grande desafio para os fabricantes de automóveis europeus.

Outros pequenos fabricantes chineses de veículos elétricos, como Nio, XPeng e Li Auto, também aumentaram suas entregas em maio.

A presença crescente de carros chineses será cada vez mais comum ao redor do mundo, como já vemos acontecer no Brasil, por exemplo.

Essa transformação não ocorre da noite para o dia e leva alguns anos para que haja uma maior consolidação do mercado, principalmente devido à necessidade de mais infraestrutura para suportar a indústria (como observado no exemplo brasileiro).

Mesmo assim, as exportações de veículos da China quintuplicaram durante a pandemia, com 5 milhões de remessas registradas no ano passado. Essa é uma tendência que veio para ficar.

· 04:18 — A resposta de Musk

Nos últimos dias, além das novas iniciativas em inteligência artificial da Apple, as ações da Nvidia também se destacaram após a startup de IA de Elon Musk, xAI, levantar US$ 6 bilhões de investidores, elevando sua avaliação para US$ 24 bilhões. Antes dessa rodada de financiamento, a xAI era avaliada em US$ 18 bilhões. Os novos fundos serão usados para lançar os primeiros produtos da xAI no mercado e desenvolver infraestrutura avançada. Entre os investidores estão Andreessen Horowitz, Sequoia Capital, Fidelity Management e o príncipe saudita Alwaleed Bin Talal.

Em novembro, a xAI anunciou o desenvolvimento de um chatbot baseado em IA chamado “Grok”, voltado para alguns usuários pagantes do X, a plataforma de mídia social anteriormente conhecida como Twitter. Elon Musk, em uma postagem no X, afirmou que Grok estava sendo treinado para acessar informações do site em tempo real. Esse investimento chega em um momento em que a xAI busca desafiar o domínio da OpenAI, atualmente avaliada em cerca de US$ 80 bilhões. Indícios sugerem que mais novidades poderão ser anunciadas em breve.

· 05:01 — O business em torno das cripto está crescendo muito

Até agora, o ano do bitcoin tem sido notável. A criptomoeda iniciou 2024 com uma recuperação significativa após a SEC aprovar, ainda que relutantemente, 11 fundos de investimento em bitcoin à vista.

Essa aprovação resultou em um preço recorde para o BTC, alcançando quase US$ 74 mil em março, e atualmente a moeda está em torno de US$ 68 mil. Nos últimos meses, cerca de mil empresas anunciaram investimentos em ETFs de bitcoin à vista no último trimestre. Os 10 principais ETFs de BTC à vista, em termos de valor de mercado, acumulam aproximadamente US$ 54 bilhões em ativos.

Além disso, grandes players como o fundo de pensão do estado de Wisconsin e o Morgan Stanley investiram, respectivamente, mais de US$ 160 milhões e US$ 270 milhões em ETFs de bitcoin à vista.

Conforme as finanças tradicionais, conhecidas como TradFi, adotavam o bitcoin, a criptomoeda passava por uma transformação própria: o halving, ou redução pela metade. Esse evento pré-programado reduziu as recompensas de mineração, como discutimos anteriormente, e colocou empresas de capital aberto como…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.