Investimentos

Sabatina de Galípolo, petróleo caindo e mais um furacão se aproxima da Flórida: confira as principais notícias do mercado nesta terça-feira (8)

Após o Ibovespa encerrar a segunda-feira (7) em alta, o foco de hoje (8) se volta para a sabatina de Gabriel Galípolo no Senado.

Por Matheus Spiess

08 out 2024, 08:51 - atualizado em 08 out 2024, 08:51

bolsas globais

Imagem: Freepik

Apesar do impulso inicial gerado pelas medidas de estímulo de Pequim, que despertaram um forte movimento de compra no mercado de ações, os grandes investidores globais permanecem cautelosos em se apressar para a maior economia da Ásia. Essa hesitação se intensificou após o anúncio do pacote econômico apresentado nesta terça-feira (8), que trouxe frustração ao mercado.

Na volta do feriado da Golden Week, embora o governo chinês tenha demonstrado confiança em alcançar suas metas para o ano e tenha prometido maior apoio ao crescimento, evitou anunciar medidas mais robustas. O resultado foi uma correção significativa, com quedas expressivas que se espalharam por outros mercados da região. Como já mencionei, após uma valorização tão acentuada, correções não só eram esperadas como necessárias. No entanto, esses movimentos exuberantes tendem a ser corrigidos com a mesma intensidade com que foram gerados.

O mercado de petróleo também enfrentou um dia difícil, apesar dos riscos geopolíticos ainda presentes. O preço do Brent caiu abaixo de US$ 80 por barril, refletindo o clima de aversão ao risco desencadeado pela decepção com a China. Na Europa, os índices de ações operam em queda nesta manhã, mesmo após os dados de vendas no varejo do Reino Unido para setembro superarem as expectativas. Já os futuros americanos, ao contrário, estão conseguindo sustentar uma leve alta, ao menos até o momento em que escrevo.

A ver…

· 00:53 — Galípolo

No Brasil, após o Ibovespa encerrar a segunda-feira em alta, impulsionado pelos ganhos em ações de empresas ligadas a commodities, o foco de hoje (8) se volta para a sabatina de Gabriel Galípolo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde será avaliada sua indicação para a presidência do Banco Central. A sabatina deve ocorrer pela manhã, seguida da votação à tarde.

Não se esperam grandes surpresas, pois seu nome já ganhou amplo apoio entre os parlamentares e foi devidamente assimilado pelo mercado. Na véspera, Galípolo se reuniu com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio da Alvorada, além de um encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na residência oficial da presidência do Senado.

Entretanto, sua trajetória à frente do Banco Central a partir de 2025 não será simples. Caberá a ele a difícil tarefa de reancorar as expectativas do mercado e, possivelmente, dar continuidade ao ciclo de aperto monetário iniciado por Roberto Campos Neto em seu mandato. A economia brasileira segue surpreendendo com indicadores robustos, como o crescimento impressionante no emprego e avanços no setor industrial em agosto. Contudo, o maior desafio de Galípolo será equilibrar esses resultados com as incertezas fiscais que ainda cercam o país.

Como mencionei ontem (7), com o primeiro turno das eleições municipais concluído, Brasília deve retomar as atividades legislativas com maior ímpeto, especialmente agora que vereadores e prefeitos foram eleitos. Há especulações de que o governo esteja preparando uma reforma estrutural para reduzir as despesas com precatórios, dívidas resultantes de ações judiciais sem mais possibilidade de recurso. Contudo, é incerto se essa proposta conseguirá ser finalizada e aprovada em tempo hábil.

· 01:48 — Mais um furacão

Nos Estados Unidos, o sudeste se prepara para enfrentar seu segundo desastre natural em apenas duas semanas, com a chegada iminente do furacão Milton. A tempestade deve atingir a costa já na noite de amanhã como um furacão de categoria 3. As maiores destruições são esperadas nas áreas costeiras, e o governador da Flórida, Ron DeSantis, declarou que é difícil imaginar um cenário em que o estado não sofra grandes impactos. A região da Baía de Tampa, que foi duramente atingida pelo furacão Helene, resultando em 20 mortes, está novamente na rota de Milton. 

Esse clima de incerteza refletiu nos mercados americanos, que fecharam em queda ontem (7), após o fim de semana prolongado. No calendário econômico, a semana começa a ganhar ritmo com os primeiros resultados corporativos sendo divulgados hoje (8), como o da Pepsi. No entanto, a temporada de balanços só deve acelerar nos próximos dias, com a divulgação dos resultados dos grandes bancos.

· 02:34 — Frustração com o pacote

O governo da China apresentou novas medidas de apoio econômico, mas frustrou as expectativas ao não anunciar o amplo pacote de estímulo fiscal que os investidores aguardavam. O principal órgão de planejamento econômico do país divulgou que adiantará US$ 14 bilhões do orçamento de investimentos de 2024, além de alocar outros US$ 14 bilhões para projetos de construção, totalizando US$ 28 bilhões. 

Entretanto, o mercado esperava um estímulo muito maior, na casa dos US$ 140 bilhões a curto prazo. Essa decepção resultou em perda de fôlego nas bolsas. Antes do feriado nacional, o índice CSI 300 havia registrado uma alta impressionante de quase 27% em apenas 13 sessões, com os investidores reagindo positivamente a uma série de medidas do governo chinês voltadas para revigorar a economia e impulsionar o mercado de ações. 

Após um movimento tão expressivo, uma correção já era antecipada. Parte da frustração pode ter origem na satisfação do governo chinês com o sucesso das vendas com grandes descontos durante o feriado, o que pode ter feito com que o esperado pacote de estímulo mais robusto fosse adiado. Agora, resta saber se, em um momento posterior, novas medidas mais abrangentes voltarão à mesa para fortalecer o mercado e a economia.

· 03:29 — Vendendo pás na corrida do ouro

Os chips de inteligência artificial (IA) continuam sendo a tecnologia mais cobiçada do mercado, impulsionando inovações que vão desde chatbots de grandes empresas de tecnologia até carros autônomos e robôs de entrega. Esses processadores são essenciais para treinar os grandes modelos de linguagem que alimentam ferramentas como o ChatGPT, que, de acordo com a OpenAI, já conta com mais de 200 milhões de usuários semanais. No centro dessa revolução está a Nvidia (NVDC34), que se consolidou como a grande fornecedora dessa “corrida do ouro” tecnológica.

Empresas como Alphabet (GOGL34), Microsoft (MSFT34), Amazon (AMZO34) e Meta (M1TA34) têm investido bilhões para garantir o acesso aos semicondutores de IA da Nvidia – atualmente, essas gigantes respondem por cerca de 40% das vendas da empresa. A receita global de chips de IA deve ultrapassar US$ 70 bilhões em 2023 e pode alcançar impressionantes US$ 400 bilhões anuais até 2030.

Estima-se que a Nvidia domine entre 70% e 95% do mercado de chips de IA, mas seu crescimento de vendas começa a desacelerar à medida que a concorrência se intensifica. A Intel e a AMD lançaram suas próprias soluções de IA generativa. Recentemente, Meta, OpenAI e Microsoft anunciaram que usariam o chip da AMD, que projeta atingir US$ 4,5 bilhões em vendas neste ano. No mês passado, a Intel firmou um acordo de vários anos para desenvolver um chip de IA personalizado para a Amazon.

Além disso, Microsoft, Meta e Google, os maiores clientes da Nvidia, estão criando seus próprios chips de IA para reduzir a dependência das GPUs da Nvidia, que são caras. Ainda assim, a demanda por chips de IA deve continuar a crescer, especialmente à medida que as empresas exploram a integração de IA em smartphones e laptops para revitalizar as vendas de hardware em declínio. Nesse cenário, a Nvidia permanece como um pilar central na corrida pela tecnologia.

· 04:12 — Ponto de inflexão

Em um avanço notável para a saúde pública, a taxa de obesidade entre adultos nos EUA interrompeu sua longa trajetória de alta, registrando uma queda de cerca de dois pontos percentuais entre 2020 e 2023. É muito provável que a redução esteja vinculada ao uso de medicamentos para perda de peso, como Wegovy e Zepbound. Afinal, aproximadamente um em cada oito adultos americanos usou esses medicamentos, que podem contribuir para uma redução de 3% a 12% do peso corporal.

Além disso, a popularização dessas medicações coincidiu com o período da redução reportada. Naturalmente, porém, ainda não está claro se essa tendência de queda nas taxas de obesidade será mantida a longo prazo, considerando as críticas que surgem sobre o uso excessivo desses remédios (perda de massa magra e efeito rebote controverso).

Ainda assim, caso a redução da obesidade seja sustentada, ela representará uma vitória comparável à queda nas taxas de tabagismo, dada a forte correlação entre obesidade e o risco aumentado de doenças como diabetes tipo 2, doenças cardíacas, hipertensão e certos tipos de câncer. Contudo, enquanto a redução no tabagismo foi resultado de uma ampla gama de políticas governamentais, a redução na obesidade parece estar sendo impulsionada por uma única inovação da indústria farmacêutica.

Nesse contexto, as empresas do setor farmacêutico têm colhido os frutos desse avanço. A Novo Nordisk, cujo valor de mercado ultrapassa o tamanho da economia de seu país, a Dinamarca, relatou que o medicamento Ozempic representou 27% de suas vendas líquidas no ano fiscal de 2023. De maneira similar, a Eli Lilly, fabricante do Zepbound, já atingiu um valor de mercado superior a US$ 850 bilhões.

· 05:06 — A tese de defesa segue viva

Recentemente, tenho discutido bastante os conflitos globais, mencionando com frequência o nosso tradicional “Kit Geopolítico“. Além disso, em virtude da desglobalização, do aumento das tensões geopolíticas e da integração de tecnologias de ponta, como inteligência artificial, em operações militares, a tecnologia de defesa se destaca como um dos temas de maior convicção para esta década. Para ilustrar o impacto dessa tendência…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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