Bom dia, pessoal. O mercado local deverá digerir ao longo do pregão a decisão do Banco Central de manter inalterada a taxa básica de juros, anunciada na noite de ontem. Esse movimento deverá ser bem recebido pelos investidores locais, embora a reação do governo ainda gere certa preocupação.
No cenário internacional, o dia deverá ser mais líquido com o retorno dos EUA após o feriado, embora a agenda por lá não seja muito movimentada, incluindo apenas falas de autoridades monetárias, pedidos de auxílio-desemprego e estoques de petróleo.
Na Europa, a atenção se volta para duas importantes decisões de política monetária.
Já na Ásia, os mercados apresentaram direções mistas no pregão desta quinta-feira, após a autoridade monetária chinesa manter os juros em 3,45%. O minério de ferro registra queda, enquanto o petróleo apresenta alta, pelo menos por enquanto.
A ver…
· 00:58 — Firme e unânime, como era preciso que fosse
Por aqui, o mercado reagiu positivamente ontem à expectativa de uma decisão unânime e conservadora do Banco Central.
Como resultado, o Ibovespa recuperou os 120 mil pontos em um dia de menor liquidez devido ao feriado nos EUA. Conforme esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 10,50% ao ano.
O mais significativo, porém, foi a unanimidade na decisão e o tom pragmático e austero do comunicado, que deve ser interpretado como bastante “hawkish“. Isso é essencial para ajudar a reconquistar a confiança perdida desde maio.
A decisão de ontem vai além da simples inflação corrente. Está ligada à crise fiscal local, ao desalinhamento das expectativas de inflação futura e ao cenário internacional incerto. Embora fundamental, esta decisão é apenas um pequeno passo na direção correta.
Muitos outros passos ainda precisam ser dados. O que preocupa é a reação do governo.
Haverá muitas críticas, como o PT já começou a fazer desde a desastrosa entrevista de Lula na terça-feira.
Aliás, a própria equipe econômica do governo considera que a crítica de Lula a Campos Neto foi inoportuna e causou turbulência.
A questão agora é se Lula continuará a confiar nos diretores que indicou até agora ou se optará por nomear pessoas que se submeteriam a ele nas próximas reuniões. Esta é uma dúvida válida e preocupante, em especial para a cadeira de presidente do BC.
O ideal seria que ele mantivesse a confiança nos atuais diretores, mas, considerando o sentimento revanchista do presidente, não há como ter certeza. A decisão de ontem provavelmente será bem recebida pelo mercado hoje.
No entanto, nas próximas semanas, outros passos precisam ser dados, especialmente na questão fiscal, que continua sendo crucial para restaurar a estabilidade das expectativas locais.
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· 01:52 — Outras preocupações
Como venho destacando há algum tempo, a recente decisão do Banco Central de manter a taxa de juros inalterada, embora essencial, não resolve os complexos problemas fiscais do país.
Atualmente, o governo está revisitando um instrumento financeiro antigo, a Desvinculação das Receitas da União (DRU). Introduzida em 1994 como “Fundo Social de Emergência”, a DRU permitia ao governo realocar até 20% das receitas destinadas a setores como saúde, educação e previdência para outras áreas necessitadas.
Essa estratégia surgiu no contexto do Plano Real, quando o orçamento federal era altamente restrito e desequilibrado por alocações fixas.
Agora, o governo considera reativar a DRU ou criar uma ferramenta similar como parte de um conjunto mais amplo de propostas em desenvolvimento pelos técnicos. O objetivo dessas propostas é alcançar o déficit zero até 2025 e realizar um ajuste estrutural nas despesas do orçamento.
Essas medidas precisarão da aprovação dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, antes de avançarem. Retomar a DRU ou adotar uma medida análoga seria um passo positivo. No entanto, está claro que outras ações também serão necessárias.
Esses pontos adicionais devem ser definidos nas próximas semanas, paralelamente à elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, que deve ser enviado ao Congresso Nacional até 31 de agosto.
· 02:35 — Novos membros do BRICS+
No final de semana, a Tailândia enviou uma carta oficial à Rússia, expressando a intenção de Bangkok de aderir à aliança BRICS+, que nos últimos anos tem sido vista como um fórum antiocidental.
Embora a Tailândia tenha o estatuto de grande aliado não pertencente à OTAN dos Estados Unidos, o país espera que a adesão ao grupo, liderado pela China e pela Rússia, ajude a desempenhar um papel mais ativo na cooperação com o Sul Global.
A questão pode não ser resolvida até a próxima cúpula dos BRICS, em outubro, mas a candidatura tailandesa deverá ser bem-sucedida.
Washington, por sua vez, não parece muito preocupada. Afinal, apesar das ambições de tirar o dólar da posição dominante no comércio internacional e alinhar o Sul Global com objetivos políticos mútuos, os BRICS enfrentam dificuldades em transformar suas palavras em ações.
O grupo nem sequer possui um secretariado permanente para coordenar suas atividades, e seus membros frequentemente discordam. Mesmo assim, o BRICS+ tem se expandido.
Em janeiro, novos membros como Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos se juntaram ao grupo.
Atualmente, a fragilidade dos BRICS+ torna a adesão uma estratégia de baixo risco com algumas vantagens potenciais.
O presidente Lula, por sua vez, declarou que apoiará a candidatura da Turquia ao grupo.
Este compromisso foi feito durante um encontro bilateral à margem da mais recente cúpula do G7, na Itália. Essa candidatura pode incomodar um pouco mais os americanos…
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· 03:21 — Manteve, cortou e manteve
Na Europa, todas as atenções estão voltadas para a reunião de hoje do Banco da Inglaterra. A decisão acaba de ser anunciada, e conforme esperado, a autoridade monetária manteve a taxa de juros inalterada em 5,25%, o nível mais alto dos últimos 16 anos.
A convocação de eleições pelo primeiro-ministro Rishi Sunak há três semanas praticamente eliminou a possibilidade de um corte nas taxas de juros.
Os dados de inflação divulgados na quarta-feira reforçaram a ideia de esperar mais algumas semanas para observar a direção das pressões inflacionárias.
Sete dirigentes votaram pela manutenção da taxa em 5,25%, enquanto dois votaram por um corte.
Enquanto isso, na Suíça, a autoridade monetária do país reduziu a taxa de juros básica pela segunda vez consecutiva, de 1,5% para 1,25% ao ano.
Segundo o Banco Central, a pressão inflacionária subjacente diminuiu novamente em relação ao trimestre anterior, justificando a redução.
Por fim, na Noruega, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 4,5% e reiterou que esse patamar deve ser mantido até pelo menos o final de 2024, devido à expectativa de que o forte aumento dos salários mantenha a inflação elevada.
É interessante observar como o movimento de corte de juros não é uniforme entre os países desenvolvidos.
· 04:17 — Novidades militares
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, comprometeu-se a apoiar incondicionalmente a Rússia em sua invasão da Ucrânia durante conversas com o presidente Vladimir Putin em Pyongyang.
Na quarta-feira, os dois líderes assinaram um acordo de assistência mútua em caso de ataque. O eixo de oposição aos EUA se fortalece cada vez mais.
Simultaneamente, o presidente chinês, Xi Jinping, convocou uma reunião especial com as forças armadas do país, apelando para uma reflexão profunda e um compromisso com a lealdade, além de combater a corrupção nas maiores forças armadas do mundo.
Nos últimos anos, incluindo 2024, o investimento no exército chinês tem aumentado continuamente. Mantido esse ritmo, eles terão um aparato militar altamente avançado na próxima década.
· 05:09 — Em cima das redes sociais
A principal autoridade de saúde dos EUA está solicitando ao Congresso a aprovação de uma legislação que exija a inclusão de advertências nos aplicativos de mídia social, afirmando que seu uso está associado a danos significativos à saúde mental dos adolescentes, similar aos avisos presentes nas embalagens de cigarro.
Essa pressão por um rótulo de advertência segue anos de preocupações crescentes e representa seu apelo mais forte aos legisladores até agora.
A iniciativa é baseada em um estudo de 2019 que…