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Mercado em 5 minutos

Semana começa com Bolsas americanas fechadas e aproximação entre EUA e China; confira os destaques da segunda (19)

Os mercados americanos estão fechados nesta segunda-feira devido ao feriado de Juneteenth, depois de uma sequência de altas do S&P 500 e da Nasdaq.

Por Matheus Spiess

19 jun 2023, 08:53 - atualizado em 19 jun 2023, 08:53

Bolsas americanas
Imagem: Pexels

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados da Ásia e do Pacífico caíram nesta segunda-feira, enquanto o mercado japonês flerta com sua máxima em 33 anos. O movimento acompanha os sinais amplamente negativos de Wall Street na sexta-feira (16), com alguns investidores buscando realizar lucros após a recente força nos mercados. A fraqueza das principais moedas da região em relação ao dólar americano também prejudicou o ânimo do mercado. A Europa estende o declínio com a abertura dos mercados. 

Os mercados dos EUA estão fechados para o feriado de 16 de junho. Pelo menos os investidores têm para si uma melhora nos laços entre Washington e Pequim. Depois da decisão do Fed na semana passada, contamos nos próximos dias com o testemunho no Congresso ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e do Comitê Bancário do Senado, do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell — a ideia é que a autoridade possa complementar o relatório de projeções do Fed da semana passada. 

A ver… 

· 00:47 — Semana de Copom pode guardar mudança de tom 

No Brasil, dois vetores em Brasília chamam a atenção. O primeiro deles é a votação do Arcabouço Fiscal no Senado, antes na Comissão de Assuntos Econômicos (terça-feira, 20) e depois no plenário (quarta-feira, 21). A proposta em si deverá voltar para a Câmara, uma vez que os senadores pediram mudanças, mas nada muito relevante. Tanto é verdade que os representantes da Câmara já sinalizaram que vão colocar o novo marco fiscal para a votação logo após sua passagem no Senado, o que deverá acelerar as coisas. 

O segundo vetor se dará na conclusão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deverá ainda manter a Selic inalterada em 13,75% na quarta-feira, enquanto dá seus primeiros passos para o início do ciclo de flexibilização, provavelmente em agosto com um corte de 25 pontos-base. O alinhamento com a aprovação do arcabouço e a consequente ancoragem das expectativas são favoráveis ao processo de queda da Selic, assim como a desaceleração da inflação também o é. 

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· 01:35 — Mercados fechados 

Nos EUA, os mercados estão fechados. Na semana passada, o S&P 500 subiu 2,6% em seu quinto ganho semanal consecutivo, sua sequência mais longa desde novembro de 2021. O Nasdaq, pesado em tecnologia, sobe por oito semanas consecutivas, sua sequência mais longa desde março de 2019. Os últimos dados do consumidor divulgados na semana passada justificam parte do recente entusiasmo do mercado. O sentimento do consumidor saltou para 63,9 pontos, o nível mais alto em quatro meses e acima da leitura esperada pelos economistas de 60. O mais notável é que as expectativas de inflação do consumidor para o ano seguinte caíram para 3,3%, o nível mais baixo desde março de 2021. 

Uma inflação esperada mais baixa pode ter um impacto na inflação real, o que será um sinal positivo para o Federal Reserve, principalmente depois da pausa nas taxas desta semana do Comitê Federal de Mercado Aberto, os investidores já estão de olho na reunião de julho do FOMC. O quadro geral para o Fed é que os temores de inflação estão diminuindo, mas não voltando para onde estavam antes da pandemia. Assim, o Fed provavelmente ainda aumentará a taxa básica de juros em 25 pontos-base em sua próxima decisão em 26 de julho. Mas os investidores não precisam esperar até julho para ouvir o Fed. O presidente Jerome Powell testemunhará na quarta-feira perante um comitê da Câmara dos EUA e na quinta-feira perante um comitê do Senado. 

Inclusive, nossa equipe de analistas selecionou 5 ações internacionais para investir agora e aproveitar esse movimento de alta – que pode se intensificar futuramente quando o juro americano vier a cair. Acesse aqui o relatório gratuito.

· 02:46 — Menos empresas 

Temos observado uma consolidação de poder em poucos nomes nos EUA, que permite que apenas algumas empresas possam influenciar a direção dos mercados. Esse movimento faz parte de uma tendência que surgiu no cenário financeiro americano: o número de empresas de capital aberto está diminuindo. Desde o pico, em 1996, o número de empresas de capital aberto caiu de mais de 8 mil para apenas 3.700, uma queda de mais de 50%. 

Não é que os americanos tenham metade das empresas de 30 anos atrás, mas, sim, que as empresas estão cada vez mais privadas, em grande parte fora do escrutínio dos olhos do público. As empresas de capital aberto estão sujeitas à supervisão regulatória e aos requisitos de divulgação, o que ajuda a garantir a transparência e a manter a confiança do investidor. Com menos empresas listadas, pode haver uma diminuição na transparência geral e na confiança dos investidores no mercado. 

· 03:32 — Revolução verde? 

No velho continente, os suíços aprovaram uma proposta para tornar a economia neutra em relação ao clima até 2050. Este é um sinal que normalmente não tem efeito direto na economia. Os desejos econômicos não são mais apenas os bens e serviços da economia de produção (embora seja importante satisfazer esses desejos). Hoje, as pessoas também querem sustentabilidade, diversidade e inclusão. Sabemos que a economia tem de evoluir para atender a essas necessidades e cada vez mais veremos iniciativas mais assertivas sobre o tema. 

Não é só na Suíça que vemos isso. O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Keir Starmer, quer tornar a Grã-Bretanha uma “superpotência de energia limpa” até 2030. A proposta dela é reduzir as contas de energia, criar empregos e fornecer energia mais segura, eliminando as barreiras que impedem os projetos verdes. O Partido Trabalhista tem uma vantagem de dois dígitos nas pesquisas de opinião sobre os conservadores do primeiro-ministro Rishi Sunak, com a próxima eleição britânica prevista para janeiro de 2025 sendo um dos grandes eventos globais do nos próximos 24 meses. 

· 04:24 — Uma tentativa de paz 

Autoridades chinesas de alto escalão se reuniram com líderes empresariais e economistas pelo menos seis vezes nas últimas semanas para pedir conselhos sobre como estimular a economia, restaurar a confiança no setor privado e reviver o setor imobiliário. As reuniões foram descritas por fontes como extraordinariamente urgentes em seu tom. Em resposta, os convocados pediram ao governo que adote uma abordagem de crescimento mais voltada para o mercado do que para o planejamento.  

Enquanto isso, houve sinais preliminares de progresso desde o primeiro dia de Anthony Blinken na China. O principal diplomata dos EUA conversou por 7 horas e meia com o ministro das Relações Exteriores, Qin Gang, no domingo. Até agora, iniciativas tangíveis incluíram a discussão sobre o aumento de voos entre os dois países e o incentivo ao intercâmbio educacional. A ideia da missa é estabilizar os laços bilaterais tensos, com os dois lados discutindo sobre diversos assuntos, desde tecnologia até comércio. 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.