Bom dia, pessoal. A semana no Brasil será marcada por discussões fiscais em Brasília e pela reunião de política monetária do Banco Central, que deve manter a taxa de juros em 10,50% ao ano.
Essa decisão não representará o fim definitivo do ciclo de flexibilização, mas sim o término da primeira sequência de cortes. A queda da Selic poderá ser retomada posteriormente, dependendo da situação econômica local, especialmente em relação ao orçamento público, e internacional, com a redução de gastos pelo Fed.
No exterior, os dados de maio da China mostraram uma produção industrial mais fraca do que o esperado, apesar de relatórios anteriores indicarem exportações mais fortes. As vendas no varejo interno foram robustas, ligeiramente distorcidas pelo período de feriados, e as vendas em restaurantes aumentaram. No entanto, os mercados asiáticos reagiram negativamente e caíram nesta segunda-feira.
Os mercados europeus iniciam a semana com dificuldades, registrando quedas nos principais índices da região. Os líderes da União Europeia se reúnem em Bruxelas e podem confirmar Ursula von der Leyen para um segundo mandato como presidente da UE, embora o Parlamento Europeu precise votar formalmente posteriormente.
A eleição na França está causando forte desvalorização do euro devido à incerteza, gerando volatilidade nos mercados. Assim como no Brasil, os mercados europeus estão focados nas consequências fiscais desses eventos. Algumas declarações de autoridades monetárias da Zona do Euro também estão na agenda.
Nos Estados Unidos, os futuros começam a semana sem uma direção clara, enquanto os investidores aguardam mais dados econômicos. O feriado de quarta-feira nos EUA e a “bruxaria tripla” na sexta-feira (expiração de opções de ações, futuros de índices e opções de índices) prometem aumentar a volatilidade no mercado.
A ver…
· 00:57 — Buscando elevar o ânimo durante a semana do Copom
No Brasil, a semana passada foi marcada por turbulências devido aos rumores sobre a possível demissão do ministro Haddad. A percepção geral era que, embora Haddad não fosse ideal, a sua substituição poderia trazer opções ainda piores.
Nos últimos dias, incluindo o final de semana, o governo parece ter reconhecido os erros cometidos com declarações equivocadas sobre gastos públicos. Diversos membros do governo voltaram a enfatizar a importância do controle de despesas e do arcabouço fiscal, com o presidente Lula reiterando seu apoio a Haddad várias vezes.
No entanto, o dano já estava feito. Como já mencionamos, a reconquista da confiança dos agentes econômicos pelo governo levará tempo. O Ibovespa caiu abaixo dos 120 mil pontos, enquanto o dólar se aproximou de R$ 5,40.
Para os próximos dias, o principal destaque é a reunião do Comitê de Política Monetária, que se encerra na quarta-feira à noite e deve manter a Selic inalterada em 10,50% ao ano para restabelecer a âncora monetária.
Além disso, a semana será crucial com as esperadas medidas de revisão dos gastos públicos que Haddad deve apresentar a Lula para fechar o Orçamento de 2025. A Receita Federal também divulgará os dados de arrecadação de maio.
Olhando para frente, o consenso de mercado para o déficit primário do governo central em 2024 aumentou de R$ 76,8 bilhões para R$ 79,7 bilhões, encerrando uma tendência de melhoria de seis meses.
O aumento dos gastos tem sido significativamente impactado pelos eventos recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Embora a arrecadação mais forte do que o esperado ajude, suas limitações são claras.
O consenso de mercado para a dívida bruta das administrações públicas no final de 2024 pouco mudou, permanecendo em 77,3% do PIB.
Aguardando as medidas prometidas por Haddad na semana passada, o risco é que as propostas não sejam suficientes e acabem decepcionando.
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· 01:44 — Mais sobre os impactos do Rio Grande do Sul
Recentemente, discutimos os efeitos devastadores das enchentes no Rio Grande do Sul, um evento que provocou extensas análises e discussões.
Existem quatro possíveis desdobramentos para regiões afetadas por catástrofes naturais como a que ocorreu em maio.
O primeiro considera que a reconstrução poderia abrir portas para novas oportunidades, permitindo que a região não apenas se recupere, mas também prospere além de sua condição anterior.
O segundo cenário é menos transformador, mas igualmente positivo, onde, apesar de não haver mudanças drásticas, o desastre catalisa o desenvolvimento de infraestrutura robusta, trazendo melhorias econômicas e elevando o bem-estar da população.
O terceiro cenário prevê um longo período de dificuldades, estabilizando-se nos níveis anteriores ao desastre.
O quarto cenário sugere que a região poderia não recuperar o nível de prosperidade pré-desastre. Neste panorama, o cenário mais provável, segundo especialistas, é o terceiro.
Um estudo envolvendo cerca de cem países afetados por eventos como ciclones e ondas de calor de 1980 a 2019 revela que os impactos econômicos comuns desses desastres incluem uma persistente redução do PIB abaixo do esperado por três anos, declínio nos investimentos, aumento da dívida pública e uma tendência de baixa nos mercados de capitais por até quatro anos.
Para enfrentar adequadamente futuros desastres naturais, investimentos consideráveis são essenciais. Os países mais preparados destinam aproximadamente 1% do PIB anualmente para a mitigação de desastres climáticos. Espera-se que o Rio Grande do Sul adote uma estratégia similar de investimento para se fortalecer contra eventos climáticos adversos no futuro.
· 02:39 — Gradualmente
Nos EUA, após quatro dias consecutivos de recordes, os mercados precisavam de uma pausa na última sexta-feira. O S&P 500 recuou 2,1 pontos, ou 0,04%, o suficiente para interromper a sequência de altas. A situação foi mais crítica no início do dia, mas os mercados se recuperaram até o fechamento.
Um possível gatilho para os próximos dias? Dados que mostrem uma atividade econômica mais fraca e, consequentemente, uma inflação menor, colocando a economia de volta no caminho para a meta de 2% do Fed.
Em um discurso na sexta-feira, Austan Goolsbee, presidente do Federal Reserve Bank de Chicago, afirmou que mais relatórios como o último índice de preços poderiam permitir que o Fed começasse a cortar as taxas de juros. E isso é uma possibilidade.
· 03:21 — Nem só na França
Os ativos franceses caíram nos últimos dias devido à crescente preocupação com as próximas eleições parlamentares antecipadas. Desde que o presidente Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional, seus oponentes têm se engajado em negociações frenéticas para maximizar suas chances na votação que termina em 7 de julho. Com os candidatos agora definidos, o partido de Macron, o Renascimento, está sob ataque de todos os lados.
No Reino Unido, o primeiro-ministro Rishi Sunak enfrenta pesquisas de intenção de voto desastrosas, a menos de três semanas das eleições gerais, que sugerem poucas chances de mudar a sorte do Partido Conservador antes da votação de 4 de julho. Após a publicação dos manifestos eleitorais dos dois principais partidos britânicos na semana passada, a oposição trabalhista de Keir Starmer ampliou sua liderança nas pesquisas mais recentes. Assim, os trabalhistas caminham para uma grande maioria, com os conservadores conquistando apenas 72 dos 650 assentos na Câmara dos Comuns, uma queda significativa em relação aos 365 na última eleição em 2019.
As finanças da Grã-Bretanha são um ponto crucial antes da votação, com preocupações sobre a dívida influenciando as campanhas. No entanto, segundo o Goldman Sachs, as eleições de julho devem ter implicações limitadas sobre os títulos de dívida do país. O banco prevê resultados fiscais e macroeconômicos similares, independentemente do partido vencedor. O próprio Keir Starmer é um centrista dentro do partido trabalhista, e sua equipe econômica adota uma postura bem ortodoxa.
· 04:18 — O destaque do G7
O destaque da cúpula do G7 não foi a peculiar fotografia dos líderes mundiais deste ano, mas sim o convidado especial: o Papa Francisco. A participação do pontífice não teve a fé como tema central, mas sim um alerta sobre os perigos do descontrole da inteligência artificial. Na semana passada, em um evento na Itália, Francisco, o primeiro papa a falar no Grupo dos Sete, alertou os políticos sobre a necessidade de estabelecer salvaguardas para o desenvolvimento da IA. Ele enfatizou que é crucial garantir que os seres humanos não fiquem à mercê das decisões das máquinas, apelando especificamente para a proibição de armas letais autônomas.
O Papa Francisco e o Vaticano, que conta com um especialista em IA em sua equipe, têm criticado fortemente a IA há algum tempo. Em dezembro, Francisco fez um discurso pedindo um tratado internacional para o desenvolvimento e uso ético da tecnologia. O Vale do Silício não ignorou esses apelos. Em 2020, o Vaticano desenvolveu diretrizes para a criação de IA, chamadas de “Roma Call for AI Ethics”, que foram assinadas por Microsoft, IBM, Cisco Systems, pelo Ministério de Inovação da Itália e vários outros líderes religiosos. Nesse contexto, os órgãos governamentais estão reforçando as proteções em torno da IA. A ONU, por exemplo, aprovou sua primeira resolução sobre a segurança da IA em março. Ainda há muito a ser feito.
· 05:06 — Qual o potencial?
O desempenho fenomenal da Bolsa americana tem chamado muita atenção. Embora esse movimento já tenha começado no ano passado, os recordes sucessivos dos índices Nasdaq e S&P 500 aumentaram o foco dos investidores nas maiores empresas dos EUA. Na semana passada, a Conferência Mundial de Desenvolvedores da Apple revelou detalhes sobre a estratégia de IA da fabricante do iPhone, impulsionando suas ações acima de US$ 200. Outro destaque é a Nvidia, que recentemente realizou um desdobramento de ações de 10 por 1. A pergunta que fica é: esse movimento dará ainda mais impulso para a fabricante de chips de IA?
Acredito que…