Bom dia! Os mercados operam mistos mas sem grande volatilidade, com perdas na Ásia, ganhos nos Estados Unidos – com uma recuperação do sentimento positivo com tech, após semana ruim para a Nasdaq (-1,4%) – e também na Europa, com expectativa de corte de juros ainda nesta semana (mais sobre isso abaixo).
É bom que todos estejam bem descansados depois do feriadão, porque a semana trará dados bastante importantes, no Brasil e no exterior.
Na quinta-feira (6) teremos a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre a taxa de juros. Até a semana passada, tudo apontava para que o primeiro corte do ciclo acontecesse já nesta reunião, mas os números de inflação na zona do euro divulgados na última sexta-feira (31) mostraram aceleração e podem atrapalhar os planos.
Nos Estados Unidos, atenções voltadas para o Payroll na sexta-feira (7), com expectativas de criação de 180 mil vagas, 5 mil a mais do que na leitura anterior. Caso o número aponte desaceleração da economia norte-americana, o mercado deve aumentar as apostas em cortes de juros até o fim do ano.
No Brasil, o grande destaque será a divulgação do PIB referente ao 1T24 amanhã. Depois de dois trimestres seguidos com crescimento praticamente nulo, a expectativa é que o PIB tenha voltado a crescer com mais intensidade no início de 2024 – estimativas apontam para alta trimestral de +0,7% e crescimento de +2,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Quem sabe as novidades não ajudem a melhorar a perspectiva para o Ibovespa nesta reta final do primeiro semestre, já que até aqui o cenário não tem sido muito animador?
· 01:43 — Teremos saudade de 2024?
Com um desempenho de -3% do Ibovespa no mês, maio não vai deixar saudades. A pergunta que fica é sobre 2024: será que o ano deixará alguma lembrança boa? Se depender do que aconteceu até aqui, a resposta é um sonoro não.
O índice acumula uma queda de -9% até agora, o que se configura como o pior desempenho para os primeiros cinco meses desde 2013 – estou excluindo 2020 por conta da pandemia.
Sim, os ativos brasileiros seguem baratos sob diversas métricas, mas já estamos cansados de saber que isso não basta, ainda mais quando há receios fiscais e agora também maiores preocupações com o verdadeiro interesse do BC em combater a inflação a partir do ano que vem.
A parte boa é que não dependemos apenas de nós, e podemos começar a ter uma ajuda da inflação e do Fed.
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· 02:31 Pequeno alívio
O PCE, indicador preferido de preços do Fed, mostrou desaceleração e veio melhor que as estimativas, com alta mensal de +0,26%. O núcleo, que exclui medidas mais voláteis, também desacelerou para +0,25%.
Além de as duas medidas ficarem abaixo das expectativas, tivemos uma boa desaceleração no setor de Serviços (de 0,44% para 0,27% na comparação mensal).
Isso não bastou para mudar o humor por aqui na última sexta-feira, mas lembre-se que o Ibovespa engatou uma alta fulminante de +20% no fim de 2023, muito em função da melhora da inflação nos Estados Unidos na época.
Uma sequência de dados favoráveis lá fora combinados com um abrandamento do discurso do Fed e valuations muito pressionados no Brasil e, pronto, o trem passou e você nem viu.
Se a China parar de atrapalhar, melhor ainda.
· 03:35 Muito ajuda quem não atrapalha
Ontem à noite (2) foi divulgado o PMI Caixin Industrial da China referente ao mês de maio, que não apenas mostrou expansão, como atingiu o maior nível desde junho de 2022.
Depois do anúncio de vários estímulos nas últimas semanas, esse é mais um dado que pode ajudar a melhorar o sentimento com relação à China e, indiretamente, influenciar o fluxo para o Brasil.
Goste ou não, a verdade é que ainda somos vistos como uma proxy de China para muito investidor gringo, e isso também parece estar pesando um pouco. O MSCI China já cai mais de 50% desde as máximas em 2021, entre outras coisas, por desconfianças sobre a capacidade de crescimento do país e uma possível bolha imobiliária.
Com o MSCI China negociando por 10x lucros, o menor patamar dos últimos 10 anos, quem sabe o humor com a China não começa a melhorar um pouco? Eu sei que ainda teríamos muita lição de casa para fazer, mas já ajudaria não ter mais esse vento contrário.
· 04:28 Mais oferta
Em reunião da Opep+ neste fim de semana, o grupo decidiu retirar os cortes de produção atuais, que somam 2,2 milhões de barris por dia. Apesar de a retomada da produção ser gradual e começar apenas a partir de outubro deste ano, é importante lembrar que esse é mais um fator que joga contra os preços, pois aumenta a oferta de longo prazo em meio às preocupações com a demanda da China, por conta de sua desaceleração econômica, e dos Estados Unidos caso os juros permaneçam em patamares elevados.
Por outro lado, lembramos que abaixo dos US$ 70 muitos produtores serão obrigados a interromper a produção, e a situação no Oriente Médio também segue como um risco altista para os preços.
Fato é que o petróleo tipo Brent caiu mais de -7% em maio, e contribuiu para a derrocada de várias petroleiras brasileiras no mês. Entendo que surgiu uma oportunidade. Pelo bom histórico operacional, PRIOrizo uma entre elas.
· 05:12 Mensurando impactos do Rio Grande do Sul
Nas últimas semanas, temos recebido vários questionamentos sobre como os eventos do Rio Grande do Sul devem impactar alguns negócios, em especial, o segmento de seguros.
Fizemos um exercício com a Porto Seguro (PSSA3), até pelo fato de a companhia focar no segmento de veículos, que é o que provavelmente mais resultará em sinistros.
De acordo com o CEO, Paulo Kakinoff, a companhia tem uma frota segurada entre 30 mil e 60 mil veículos nas regiões afetadas, o que significa entre 0,5% e 1% da frota total da Porto.
Em nossas contas…