Bom dia, pessoal. Lá fora, as ações na Ásia e no Pacífico encerraram a quarta-feira sem uma única direção, sem conseguir acompanhar um segundo dia de ganhos nos principais índices dos EUA. Pesa no sentimento dos investidores o fato de que a China deveria divulgar os dados dos preços das casas nesta quarta-feira, mas a divulgação foi adiada, assim como os dados econômicos de ontem, também postergados. Na Europa, os investidores até tentam empurrar os mercados para cima novamente nesta manhã, após outra alta saudável em Wall Street, impulsionada principalmente por resultados corporativos mais positivos, mas os mercados por lá operam de maneira mista. Enquanto isso, os futuros americanos enveredam para mais uma alta, pelo menos por enquanto. Embora haja um clima mais otimista nos últimos pregões, sempre é bom lembrar que o rali atual pode mudar em breve, à medida que os bancos centrais aumentam as taxas de juros, visando combater a inflação mais alta em várias décadas. O petróleo e o minério de ferro sobem nesta manhã, o que poderia ajudar o desempenho de alguns ativos brasileiros. A ver… |
00:54 — Os ventos políticos começam a acelerar |
Apesar da decisão dos Estados Unidos de liberar novamente milhões de barris das suas reservas estratégicas, o petróleo sobe nesta manhã, o que poderia ser um fator sistêmico positivo para o mercado brasileiro — lá fora, as ADRs da Petrobras sobem no pre-market de Nova York. Ainda assim, temos acompanhado a dinâmica mais positiva global, impulsionada pela temporada de resultados nos EUA e a mudança de direção no Reino Unido, vetores que mudaram a direção do sentimento dos investidores. No ambiente local, acompanhamos a agenda política depois que Lula bateu o recorde de audiência de Bolsonaro no podcast Flow e a pesquisa Ipespe mostrou empate técnico entre o petista e o incumbente no limite da margem de erro (estatais surfaram bem uma maior chance de vitória bolsonarista). O mercado mantém a visão de que Lula é favorito, mas a quase 10 dias do segundo turno, a corrida fica cada vez mais acirrada, conseguindo fazer preço sobre os ativos de risco, tal qual na véspera do primeiro turno. |
01:43 — Mais resultados corporativos e o Livro Bege do Fed |
Por enquanto, na temporada de resultados dos EUA, os números estão conseguindo surpreender positivamente os investidores, o que dá um gás no mercado. Se ontem tivemos Goldman Sachs, Johnson & Johnson e Netflix, hoje contamos com Tesla, IBM e Procter & Gamble, entre outros. Apesar de até agora a temporada de resultados ter sido melhor do que o esperado, vale notar que as expectativas eram historicamente baixas. Ou seja, muitas pessoas já temiam esta temporada de resultados. Consequentemente, uma parte das revisões dos lucros já tinha acontecido, mesmo que ainda mais revisões estejam na esteira. De maneira geral, os investidores permanecem inconstantes, prontos para derrubar as ações a qualquer momento. Seguimos com a temporada hoje, enquanto esperamos a divulgação do Livro Bege do Fed, que mostra as condições econômicas atuais entre seus 12 distritos — novidades sobre a percepção de recessão serão sentidas. |
02:26 — A inflação britânica |
Enquanto a primeira-ministra Liz Truss, do Reino Unido, luta para se manter no cargo, apesar da resistência geral, o mercado acompanha os dados de inflação britânica. Tendo vindo levemente acima do esperado, acelerando frente ao mês anterior, os preços registraram alta de mais de 10% na comparação anual. Vale destacar que, assim como acontece no Brasil e nos EUA, as taxas de inflação caíram onde os gastos do consumidor enfraqueceram (bens duráveis, como carros usados e eletrônicos, estão em território de desinflação ou deflação). Ao mesmo tempo, os preços dos alimentos foram, por outro lado, um grande impulsionador da inflação. |
03:06 — Problemas nos rios navegáveis |
Os níveis das hidrovias estão em patamares historicamente baixos. É o caso do Mississipi, nos EUA, que lembra os problemas vistos no rio Reno na Europa e no Yangtze na Ásia, à medida que anos de seca severa produzem efeitos prejudiciais em todo o mundo. O rio Mississippi é uma rota de transporte crítica, especialmente para agricultores e comerciantes de commodities, e os níveis mais baixos de água estão impactando o transporte — estima-se que o rio normalmente transporta cerca de 60% das exportações de milho e soja dos Estados Unidos. Consequentemente, muitos agricultores estão jogando fora suas colheitas em vez de colher agora, na esperança de melhores condições que ainda podem levar semanas; afinal as empresas não estão carregando tanta carga nos navios (por conta do nível, as autoridades reduziram o tamanho das embarcações, o que compromete a capacidade de transporte em até 38%). Impactos econômicos devem ser refletidos no quarto trimestre. |
04:10 — E o ouro? |
Quando o dólar se fortalece, o ouro perde parte de seu brilho. Da máxima recente em março, acima de US$ 2 mil por onça, o metal já caiu quase 20%. A partir de agora, porém, com a potencial queda das expectativas de inflação, o ouro pode voltar a ter uma performance mais confortável. Veja, em geral, a demanda pelo metal amarelo depende principalmente dos movimentos da moeda americana, das taxas de juros reais e das commodities. Como o ouro não tem yield, acaba tendo uma forte relação tradicional com os rendimentos reais dos títulos; isto é, quando os rendimentos reais são negativos, como muitas vezes têm sido na última década, isso torna o ouro mais atraente e vice-versa. Normalmente, há um modelo de quatro fatores: taxas reais de 10 anos dos EUA, índice do dólar, preços do petróleo e volatilidade de ativos cruzados. Tal modelo pode explicar a maioria dos movimentos de preços do ouro. No patamar atual, considerando que boa parte do ajuste na curva de juros já foi feita, poderia ser eventualmente um bom momento para se posicionar para quem ainda não tem um pouco na carteira (estruturalmente, sempre é bom ter um pouco de ouro). Vale conferir o Vitreo Ouro, nosso veículo dolarizado de exposição no metal. |