Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos encerraram o dia predominantemente em baixa nesta quarta-feira (9), com queda em nomes importantes, como Japão e China. A maioria dos ativos seguiram as movimentações positivas dos mercados globais durante o pregão de ontem (8). A inflação mais fraca na China preencheu as manchetes da região, mostrando uma economia chinesa ainda vulnerável, ainda que haja espaço para mais estímulos monetários e fiscais nos próximos meses. Os mercados europeus abrem em queda nesta manhã, acompanhados pelos futuros americanos, com os investidores aguardando o resultado das eleições de meio de mandato nos EUA (midterms), bem como o relatório sobre a inflação de preços ao consumidor americano, que pode ter um impacto significativo nas perspectivas para as taxas de juros. Os ativos locais ainda reagem às notícias da equipe de transição, que ontem definiu os nomes para a economia. A incerteza quanto ao fiscal incomoda. A ver… |
00:39 — Vai chegar chegando? |
Por aqui, no Brasil, os investidores digerem os resultados de ontem de noite e os desta manhã, com os números do Bradesco chamando a atenção depois de frustrarem as expectativas do mercado — os ADRs caíram ontem no after-market e caem hoje pela manhã no pre-market (haverá repercussão sistêmica, uma vez que o setor é relevante no interior do Ibovespa, de maneira similar ao resultado de Santander). Outros nomes do dia são Eletrobras e Banco do Brasil, em meio às tensões de Brasília. O presidente-eleito Lula começa hoje a participar dos encontros da equipe de transição, devendo ter conversas com os chefes dos Três Poderes e tratar, entre outros assuntos, da PEC da Transição para acomodar os gastos que não foram previstos no Orçamento de 2023. A ansiedade pelo tamanho da proposta tem incomodado o mercado, com o waiver podendo chegar a R$ 175 bilhões. As próximas semanas serão pautadas pelo tema fiscal, pela construção de uma base para governabilidade e pelo anúncio dos nomes para os ministérios. A presença de Pérsio Arida e de Simone Tebet tranquiliza um pouco os investidores, mas há nervosismo com outras figurinhas carimbadas nem tão pró-mercado assim. A impaciência gera volatilidade, mas o correto seria evitar a ansiedade neste momento e acompanhar a situação de maneira fria e cautelosa, sem muita emoção. |
01:37 — Um resultado mais apertado |
Ontem foi um dia estranho para o mercado americano, com as ações oscilando de território positivo para negativo e vice-versa. Havia pouco para explicar os movimentos, além de investidores esperando os resultados das eleições de meio de mandato (midterms). No final do dia, os mercados esperavam em grande parte alguma forma de governo dividido, mas a onda vermelha republicana teve dificuldade para se formar. Ao final do pregão de terça-feira, os mercados subiram nos EUA, com os democratas de Biden tentando manter pelo menos o controle de uma das casas legislativas. O Senado deverá ser mantido dividido (50/50), com o voto de Kamala Harris, a vice-presidente, para desempatar. Enquanto isso, os republicanos até devem levar a Câmara, mas por uma margem muito mais estreita do que se imaginava antes. Todos os olhos estão voltados para um punhado de corridas ao Senado, incluindo Geórgia, Nevada, Arizona e Wisconsin, com um único assento suficiente para controlar o Senado. O resultado nas casas legislativas terá um impacto sobre a política fiscal expansionista de Biden, com possível efeito desinflacionário, possibilitando um relaxamento do aperto dos juros por parte do Fed. |
02:27 — E essa inflação chinesa? |
As ações asiáticas até tiveram um início positivo nesta quarta-feira após o bom desempenho de ontem nos mercados ocidentais, mas perderam força quando os dados de preços chineses foram divulgados. A inflação de preços ao consumidor na China em outubro foi mais fraca do que o esperado (+2,1%), mostrando que a demanda doméstica da China está mais fraca, negando o poder de preço às empresas. No Ocidente, a alavancagem dos balanços das famílias nas economias centrais superou o crescimento salarial muito fraco e estabilizou a demanda, permitindo a expansão das margens e preços mais altos por parte das empresas. A inflação dos preços ao produtor, por sua vez, caiu pela primeira vez em quase dois anos, registrando queda de 1,3% em outubro. Basicamente, a desaceleração da economia chinesa é confirmada pelos dados de inflação. |
03:02 — Uma boa hora para ter ouro? |
Alguns investidores têm interpretado o momento atual como ideal para possuir ouro. O metal precioso historicamente andou bem quando a inflação estava alta, já que é um investimento físico que pode servir como reserva de valor. Geralmente também é um favorito durante períodos de incerteza geopolítica, sendo considerado um porto seguro. Ultimamente, porém, os preços do ouro não subiram. Basicamente, houve pouco apetite para manter o ouro no ambiente atual. Os preços do ouro dispararam no início de março, à medida que aumentavam os temores sobre as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia. Desde então, no entanto, outras dinâmicas de mercado vieram à tona. Em primeiro lugar, as transações de commodities, incluindo ouro e outros metais preciosos, geralmente acontecem em dólares. Uma moeda americana mais forte torna mais caro para os investidores comprarem, reduzindo a demanda. Em segundo lugar, o ouro concorre com títulos públicos como um porto seguro. Quando os investidores podem obter melhores retornos sobre o último, o primeiro parece menos atraente. Considerando o patamar atual, no entanto, o preço começa a fazer sentido para quem quer montar uma posição mais estrutural, caso o investidor não possua ainda a proteção em sua carteira e tenha um perfil de risco que seja receptivo ao metal — historicamente, há benefícios para o retorno ponderado pelo risco em se carregar ouro ao longo do tempo. O Vitreo Ouro pode ser uma boa pedida. |
04:10 — Um mundo nem tão ESG assim |
O mundo ESG tem sido devastado por debates contínuos sobre os méritos do investimento sustentável, o desafio de determinar o que conta como uma empresa amigável ao ESG e a evolução das regulamentações globais. Esses ventos contrários, combinados com uma perspectiva econômica sombria, criaram um ambiente pouco atraente para os fundos relacionados a ESG. Adicionalmente, nos EUA um debate sobre como regular os fundos ESG também está aumentando, gerando ruído no segmento. O argumento é que a padronização dos critérios ESG reduzirá a confusão dos investidores, mas a luta atual pela regulação está, na verdade, tornando as coisas mais confusas. Em paralelo, as empresas americanas estão se preparando para a recessão reconsiderando sua abordagem verde — um terço dos CEOs disse que já pausaram ou reconsideraram as iniciativas. A mudança climática pode custar US$ 2 trilhões por ano até 2100, segundo a Casa Branca, e empresas e governos terão que fazer mudanças drásticas para evitar custos monetários e humanos ainda maiores. Mas os obstáculos enfrentados pelo investimento em ESG mostram que é mais fácil falar do que fazer, principalmente em meio a um ambiente econômico e geopolítico tão conturbado quanto o atual. |