Bom dia, pessoal. A atmosfera nos mercados internacionais se mantém cautelosa hoje, com os olhares voltados para a divulgação do índice PCE nos Estados Unidos, na sexta-feira, um indicador-chave para as decisões de política monetária do Federal Reserve. Em uma sessão mista na Ásia, os índices oscilaram entre ganhos e perdas, refletindo uma realização de lucros em meio a incertezas globais. Questões geopolíticas, como as tensões no Oriente Médio e na Rússia, têm impactado diretamente nos preços do petróleo, com o Brent se aproximando dos US$ 87 por barril. Destacou-se também a situação em Gaza, com o Conselho de Segurança da ONU fazendo um apelo por um cessar-fogo, proposta da qual os EUA se abstiveram, causando descontentamento em Israel. Entretanto, a pressão atual no mercado de petróleo é influenciada principalmente pela possibilidade de intensificação do conflito na Ucrânia.
Após uma semana de ganhos expressivos, a melhor do ano para Wall Street, que culminou com recordes históricos para seus três principais índices, o mercado americano iniciou a semana com uma leve retração, ajustando-se depois da euforia recente. Esta correção deixa o mercado em antecipação aos eventos chave da semana. No entanto, os futuros americanos e as bolsas europeias apontaram para uma recuperação nesta manhã, sinalizando um otimismo cauteloso. Para sustentar a trajetória ascendente do mercado, será essencial que mais empresas demonstrem um crescimento robusto nos lucros, o que justificaria os atuais níveis elevados dos preços das ações. No Brasil, a ansiedade é grande pelos dados que estão por vir.
A ver…
· 00:51 — Entre o IPCA-15 e a ata do Copom
Na sessão de segunda-feira, o Ibovespa encerrou praticamente estável, com os investidores na expectativa por dados como o IPCA-15 e as próximas comunicações do Banco Central, que poderão esclarecer hoje a direção futura da política monetária. A alta do índice foi liderada pela Petrobras, cujas ações se valorizaram em resposta ao aumento dos preços do petróleo no cenário internacional. Esse movimento também beneficiou outras companhias petrolíferas, como 3R, PetroReconcavo e Prio, que registraram significativas altas. Para esta terça-feira, a expectativa geral é que o IPCA-15 mostre uma alta de 0,32%, uma desaceleração em relação ao aumento de 0,78% observado em fevereiro. Tal redução é esperada devido ao fim do impacto do reajuste das mensalidades escolares e a possíveis quedas nos preços de passagens aéreas, além de uma desaceleração nos preços de alimentos e bebidas. Prevê-se que, em 12 meses, o IPCA-15 recue para 4,10%. Um valor superior ao antecipado pode preocupar os investidores, enquanto um número menor pode trazer alívio.
Adicionalmente, a ata do Copom e os dados sobre as contas do Governo Central, com previsão de um déficit primário de R$ 58,5 bilhões em fevereiro, são aguardados com interesse. A ata deve fornecer mais clareza sobre a última decisão de política monetária do BC, incluindo possíveis referências à situação fiscal, ainda que sutilmente, dada a delicadeza do tema em um contexto de expansão fiscal no ano eleitoral sob o governo de Lula. Apesar de a remoção do plural no “forward guidance” não indicar explicitamente o fim do ciclo de cortes ou uma desaceleração, essa mudança de linguagem introduz uma cautela diante de um panorama incerto. Para a reunião de junho, permanece a possibilidade tanto de manutenção do atual ritmo de cortes quanto de uma redução na magnitude dos ajustes.
· 01:47 — Compasso de espera
No início de uma semana crucial, marcada pela expectativa da divulgação da medida de inflação preferencial do Fed na sexta-feira – dia em que os mercados estarão fechados por conta do feriado –, os índices americanos enfrentaram um momento de pausa para respirar. O S&P 500 retrocedeu para menos de 5.220 pontos, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos avançaram cinco pontos-base, alcançando 4,25% (este movimento sugere um renovado foco nas questões fiscais dos EUA). O ímpeto recente elevou o S&P 500 a múltiplos recordes, levantando questionamentos sobre a rapidez e magnitude da ascensão do mercado. A sinergia entre dados econômicos favoráveis dos EUA, a antecipação de cortes nas taxas de juros pela Fed e o entusiasmo com os avanços em inteligência artificial resultou em um incremento de mais de 10% para o S&P 500 no acumulado do ano.
As ações tecnológicas sofreram impactos após a Comissão Europeia iniciar investigações sobre possíveis violações de conformidade por parte de gigantes como Apple, Meta Platforms e Alphabet. Além disso, Intel e Advanced Micro Devices viram suas ações depreciarem após relatos do Financial Times de que a China estaria limitando o uso de seus semicondutores em equipamentos governamentais. Entre os destaques corporativos, a Boeing anunciou mudanças em sua liderança após enfrentar uma série de desafios de controle de qualidade. Antes dos últimos pregões da semana, sem novidades significativas sobre a economia americana, os focos de tensão internacionais refletiram-se no comportamento dos mercados. O dia também reserva a divulgação do Índice de Confiança do Consumidor, aguardado pelos investidores.
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· 02:35 — Foi demais
Bill Gross, renomado investidor e cofundador da Pimco, recentemente aconselhou investidores a se prepararem para uma curva de rendimento mais achatada, destacando o fato de que os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos se mantêm nos mesmos patamares de duas décadas atrás, a 4,2%. Gross antecipa que a atual curva de rendimento negativa, eventualmente, se ajustará para uma posição positiva, condição essencial para a sustentação de uma economia robusta. Ele adota uma estratégia de compra em títulos de 2 anos, enquanto se posiciona contra os de 5 e 10 anos, expressando preocupações com as políticas fiscais. Durante a última semana, a curva de rendimento entre títulos de 2 e 10 anos permaneceu invertida, um fenômeno observado pelo prolongado período, em um contexto de inflação crescente. Paralelamente, o índice S&P 500 ultrapassou os 5.200 pontos, acumulando uma valorização superior a 30% nos últimos 12 meses, um feito notável dado o contexto de um dos mais rigorosos ciclos de aperto monetário presenciados nos EUA em décadas.
Este cenário tem elevado os retornos dos títulos de 10 anos, considerando a inflação, em aproximadamente 300 pontos-base nos últimos dois anos, indicativo de que os gastos governamentais e a empolgação em torno da inteligência artificial (IA) vêm impulsionando o mercado. Essa tendência sugere um aumento do otimismo e da “exuberância irracional”, ecoando as palavras do ex-presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, que em 1996 cunhou a expressão “exuberância irracional” ao comentar sobre o fervor dos investidores pelo mercado acionário. No entanto, compartilho da visão de que, embora o mercado dos EUA esteja bem aquecido, ainda não se configura uma bolha econômica. As condições atuais podem predispor a formação de uma bolha se a ascensão do mercado persistir de forma acelerada, mas por ora, parece haver margem para crescimento adicional.
· 03:28 — Troca no comando da Boeing
Diante dos desafios de segurança que vêm se intensificando, a Boeing anunciou mudanças profundas em sua equipe de liderança, atendendo aos apelos por renovação feitos por clientes e pressionada por companhias aéreas líderes nos EUA. A transformação na alta gestão envolve a saída anunciada do CEO David Calhoun até o final deste ano, acompanhada pela renúncia de Stan Deal, que gerencia a divisão comercial, e Larry Kellner, presidente do conselho. Larry Culp da GE, Bill Brown, anteriormente na L3Harris Technologies, e Patrick Shanahan da Spirit AeroSystems emergem como potenciais sucessores para a posição de CEO.
Essa reviravolta na Boeing ecoa a insatisfação de seus clientes, angustiados com uma persistente crise de qualidade e segurança na produção que ainda busca uma solução. Um evento marcante dessa crise foi o desprendimento da porta de um 737 Max 9 da Alaska Airlines em pleno voo, um incidente que levou a Administração Federal de Aviação a limitar a fabricação do modelo 737 MAX. Este episódio foi apontado por Calhoun como um divisor de águas, impulsionando a companhia a revisar e fortalecer seus protocolos de segurança diante de uma vigilância regulatória e crítica pública crescentes. Espera-se que as mudanças na companhia resultem em impactos consideráveis nos resultados do trimestre, devendo reportar prejuízo.
· 04:12 — Duas commodities em alta
Às vésperas da Páscoa, o mercado do cacau vivencia um pico nos preços, superando a marca dos 9.000 dólares por tonelada pela primeira vez, em meio a uma crise de abastecimento. Esta situação pressiona os produtores de chocolate, que disputam a escassa matéria-prima. Em Nova Iorque, o preço dos futuros de cacau aumentou pelo quarto dia seguido, acelerado pelas notícias de que o Gana, segundo maior produtor global de cacau, enfrenta problemas financeiros. O país está à beira de perder um importante mecanismo de financiamento devido à crise em sua produção de cacau, que resultou em uma escassez de grãos para assegurar os fundos necessários. O Cocobod, autoridade reguladora da indústria de cacau ganesa, depende desse financiamento estrangeiro para remunerar os agricultores pelos grãos produzidos.
Além do cacau, os preços do petróleo também estão em ascensão, impulsionados pelo aumento das tensões geopolíticas e pela expectativa de que a Opep+ mantenha os cortes de produção atuais na próxima revisão do acordo. As ameaças dos Houthis à Arábia Saudita se intensificam, especialmente se o país apoiar ações militares dos EUA, enquanto a Rússia busca envolvimento da Ucrânia em relação ao recente ataque terrorista. Apesar do cessar-fogo em Gaza, fruto de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, o preço do petróleo persiste acima de US$ 86 o barril. A relação entre EUA e Israel também enfrenta tensões, visto que a abstenção americana em uma votação recente sinaliza uma mudança no tradicional apoio ao aliado israelense.
· 05:03 — O IPO de Trump
A Trump Media, a entidade por trás da plataforma de mídia social Truth Social, vinculada ao ex-presidente Donald Trump, está prestes a iniciar suas operações no mercado de ações sob o símbolo DJT a partir desta terça-feira. Renomeada como Trump Media & Technology Group, a companhia terá suas ações comercializadas na bolsa Nasdaq. Este desenvolvimento é o fruto da fusão entre a organização de Trump e a Digital World Acquisition Corp. Com Trump emergindo como o provável candidato à presidência pelo partido republicano, ele detém uma participação majoritária na empresa, equivalente a no mínimo 58%, estimada em mais de 3 bilhões de dólares…