Bom dia, pessoal.
Lá fora, os mercados asiáticos encerraram o dia de forma mista nesta segunda-feira (14), apesar das movimentações predominantemente positivas de Wall Street na última sexta-feira (11), ainda refletindo o otimismo contínuo sobre o Federal Reserve desacelerar o ritmo de aumentos das taxas de juros após os recentes dados de inflação dos EUA mais brandos do que o esperado.
A maior parte dos mercados europeus abriu em alta nesta manhã, na contramão dos futuros americanos, que caem e realizam lucros depois de uma boa semana. No âmbito internacional, destaque para o G20 em Bali, que reúne as principais economias do mundo. Será a primeira vez que um presidente brasileiro não comparece ao encontro de líderes mundiais, o que confirma a tese de isolamento de Bolsonaro.
Todos os investidores devem acompanhar a reunião do presidente dos EUA, Joe Biden, e do presidente da China, Xi Jinping, que estarão presencialmente juntos pela primeira vez desde que Biden tomou posse. Apesar das expectativas para eventuais acordos não serem elevadas, as autoridades poderão tratar de uma série de questões regionais e globais, como a própria guerra na Ucrânia e a crise energética.
A ver…
· 00:43 — Rumo ao Egito
Na véspera do feriado do dia 15 de novembro, os investidores locais continuam debruçados sobre os trabalhos da equipe de transição de governo, que na semana passada gerou estresse sobre os mercados — pelo menos já sabemos que Guido Mantega não será ministro, o que é ótimo. Enquanto no âmbito econômico o que chama a atenção é a apresentação do IBC-Br, que deve reverter a queda de 1,13% em agosto e subir 0,30% em setembro (eventuais surpresas positivas podem alavancar as expectativas para o PIB de 2022 e 2023), o ambiente político é bastante incerto.
A PEC de Transição propriamente dita deve ficar para depois da terça-feira, na volta do feriado, sob total comando do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, uma vez que Lula viaja hoje para a COP27 no Egito, onde deverá apresentar um novo posicionamento brasileiro para o mundo, o que pode atrair capital estrangeiro nos próximos anos — o presidente eleito poderá apresentar o nome para o Ministério do Meio Ambiente (Marina Silva, que acompanhará Lula, é a favorita), além de aguardamos a confirmação candidatura brasileira para sediar a COP30, em 2025.
· 01:25 — Uma semana interessante nos EUA
Nos EUA, os investidores acompanham a continuidade da temporada de resultados do terceiro trimestre, que contará com as varejistas nos próximos dias, além dos resultados de algumas empresas de tecnologia — as partes mais importantes da temporada já passaram, mas ainda temos alguns destaques, como Walmart, Home Depot, Target Cisco Systems, Lowe’s, Nvidia e Alibaba.
Fora os números corporativos, contamos também com o índice de preços ao produtor americano na terça-feira, que deverá registrar alta de 0,5% no mês passado ou 8,3% na comparação anual. O núcleo, que exclui os componentes de alimentos e energia, deve ter subido 0,4% em outubro e 7,2% em relação ao ano anterior. Eventuais surpresas podem ter um efeito na tomada de decisão do Fed em dezembro.
Sobre o tema, vale conferir as falas da vice-presidente do Federal Reserve, Lael Brainard, e do diretor do Fed, Christopher Waller, que já alertou os investidores sobre ficarem otimistas demais com o relatório de inflação da semana passada, observando que o banco central ainda teria um caminho a percorrer com o aperto monetário. Hoje, há uma chance de 80% para um aumento de 50 pontos-base em dezembro.
· 02:09 — A decepção republicana
Durante o final de semana, os democratas asseguraram mais dois anos de controle do Senado depois da vitória de Catherine Masto em Nevada. Hoje, a disputa está em 50 cadeiras para os democratas e 49 para os republicanos, que ainda podem ganhar na Geórgia em dezembro — de qualquer jeito, apenas manteria o status quo caso ganhem (Kamala Harris ainda manteria o voto de Minerva). Não é segredo para ninguém que o desempenho republicano foi decepcionante, mostrando fraqueza de Trump.
Na Câmara dos Representantes, os republicanos ainda podem ganhar maioria (ainda estão contando os votos), mas por uma ou duas cadeias, o que é muito diferente do que se projetava. O resultado é um banho de água fria para o anúncio de Trump amanhã, quando deverá lançar sua candidatura para 2024. O ex-presidente já começou a atacar seu principal rival nas primárias, o governador republicano da Flórida Ron DeSantis, que saiu fortalecido para a corrida no ano que vem.
· 03:10 — E a Covid Zero?
A China vem recuando pouco a pouco em sua política de Covid-zero. Na semana passada, por exemplo, as autoridades chinesas afrouxaram as restrições encurtando o tempo de quarentena obrigatória para viajantes que chegam e contatos próximos de indivíduos infectados. Ainda que pequena, a medida fez as ações da China e de Hong Kong dispararem e impulsionaram os preços globais do petróleo, que hoje devolvem um pouco dos ganhos recentes.
Entretanto, a pandemia ainda não acabou, mesmo que esteja bastante controlada agora. Nos EUA, o governo estendeu o estado de emergência de saúde pública Covid até a primavera de 2023, antecipando outro surto de inverno. O mesmo pode ser verificado no Brasil, que voltou a registrar casos de maneira ainda tímida (depois das doses da vacina, os sintomas são mais fracos, o que minimiza o estrago).
· 04:15 — Um grande pacote de estímulos
Além da flexibilização da política de Covid Zero, novas medidas de suporte econômico foram anunciadas, em especial ao mercado imobiliário, o que pode dar suporte de curto-prazo aos ativos mais dependentes da demanda da China. Trata-se do pacote de resgate mais extenso até agora, sendo que o governo parece estar encerrando sua repressão ao setor, muito impactado pelas restrições creditícias.
Uma lista de 16 medidas específicas foi divulgada para instituições financeiras destinadas a reforçar o setor fragilizado. As iniciativas mostram que o governo está focando seus esforços no apoio ao crescimento após a recente consolidação de liderança. Sim, ainda é muito cedo para acreditar em uma recuperação estrutural do crescimento da China no longo-prazo. De qualquer forma, as mudanças que saem do governo de Xi Jinping são claramente positivas para as ações chinesas.
Embora a volatilidade provavelmente deva permanecer alta, as perspectivas para os próximos meses estão entre as mais favoráveis dos últimos tempos. Consequentemente, podemos traduzir o movimento em leituras mais positivas para os nomes de commodities locais, como Vale, Gerdau e Suzano. O Brasil e seu mercado deveriam se beneficiar de uma economia chinesa revigorada.
Um abraço,
Matheus Spiess