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Mercado em 5 minutos

Uma semana carregada de eventos monetários

Dia de diplomação do presidente Lula, o que esperar de Haddad na economia e reunião do Fed: o que você precisa saber sobre o mercado financeiro nesta segunda-feira (12)

Por Matheus Spiess

12 dez 2022, 08:53 - atualizado em 12 dez 2022, 08:53

Os investidores se preparam / mercado em 5 minutos
Fonte: Free Pik

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos caíram e o dólar subiu nesta segunda-feira, acompanhando a leitura de inflação dos EUA acima do esperado na semana passada, que diminuiu as esperanças de uma inclinação monetária mais branda. Além disso, a China está montando mais instalações de terapia intensiva e tentando fortalecer os hospitais enquanto reverte os controles contra a Covid-19, que confinaram milhões de pessoas em suas casas e afetaram o crescimento econômico. 

O problema é que o número de casos parece estar aumentando, embora uma redução acentuada no número de testes administrados dificulte a medição de qualquer mudança. Ao mesmo tempo, os investidores ainda precisam se preocupar com os eventos monetários da semana, com reuniões de política monetária durante os próximos dias nos EUA, na Zona do Euro e na Inglaterra. Eventuais surpresas devem ter efeito sobre os mercados globais, ainda que haja desaceleração do aperto. 

A ver… 

· 00:44 — Dia de diplomação 

Nesta segunda-feira, aqui no Brasil, Lula e Alckmin serão diplomados presidente e vice-presidente em cerimônia do TSE, em Brasília. O evento é importante e dará mais influência para a equipe de transição nesta fase final para a aprovação da PEC da Transição na Câmara, que deverá ser pautada na terça-feira — são os últimos dias para aprovar em primeiro e segundo turno na Casa legislativa, sendo que não poderá haver mudanças no texto, uma vez que isso retornaria a proposta ao Senado. 

Outros dados e relatórios ao longo dos próximos dias também são importantes, como a ata da última reunião do Copom, a ser divulgada amanhã, a proxy do PIB, o IBC-Br, na quarta-feira, e o Relatório Trimestral de Inflação, na quinta-feira. Mesmo com tantas informações relevantes, o ambiente político parece ser o que mais afeta o mercado local. Na última sexta-feira, o nome de Fernando Haddad finalmente foi oficializado como Ministro da Fazenda, notícia que vinha gerando ansiedade no mercado. 

Haddad está longe de ser o melhor nome (muito longe), mas ele não é o pior quadro do PT atualmente (podia ser pior). O risco de atuação do Ministério foi superestimado pelo mercado, que colocou nos preços um considerável nível de incerteza — na média, o mercado é um péssimo avaliador de notícias políticas, o que promoveu a elevação de volatilidade verificada em novembro. Resta saber agora os nomes de seu segundo escalão, bem como as propostas para o Novo Marco Fiscal.

· 01:56 — O segundo escalão 

Haddad deverá anunciar nos próximos dias os nomes para o segundo escalão. Entre alguns cotados podemos destacar Felipe Salto, hoje na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, para a Secretaria do Tesouro. Outro nome é o de Marcos Cruz, ex-McKinsey que foi secretário de Finanças na prefeitura de São Paulo sob Fernando Haddad, para a Secretaria de Política Econômica — Cruz tratou de renegociar a dívida do município, bem como conquistou o selo de Investment Grade para a capital. Os nomes serviriam de aceno para um encadeamento de responsabilidade fiscal. 

Os nomes acima poderiam agradar o mercado, assim como os nomes de Bernard Appy e Marco Bonomo. Como sabemos, Appy é um dos principais formuladores da proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso. Enquanto isso, Bonomo é economista formado pela PUC do Rio com doutorado em Princeton, tendo sido um dos autores da PEC alternativa recentemente apresentada por Tasso Jereissati. Carlos Hamilton, ex-diretor do Banco Central, e Rodrigo Orair, ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, também foram citados. 

· 02:47 — Quem está preparado para a reunião do Fed 

Nos EUA, será uma semana agitada para investidores. Para começar, já temos na terça-feira o índice de preços ao consumidor de novembro, que deverá desacelerar de 7,7% registrado em outubro para 7,3% no mês passado (comparação anual). Enquanto isso, o número, que exclui os itens mais voláteis, deverá recuperar de 6,3% para 6,1%. Os sinais de desaceleração servem para que o Fed possa reduzir o ritmo de aperto monetário. 

Por falar em questões monetárias, na tarde de quarta-feira, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) concluirá sua reunião de dois dias e deverá aumentar 50 pontos-base a taxa dos fundos federais, para uma meta entre 4,25% e 4,50%, após quatro aumentos consecutivos de 75 pontos.  Adicionalmente, o FOMC também publicará seu último resumo de projeções econômicas, podendo eventualmente mudar o humor dos mercados, a depender do que for publicado. 

· 03:31 — Em semana de evento monetário, novas informações afetam a Europa 

No Reino Unido, os dados do PIB em outubro foram ligeiramente mais fortes do que o esperado, o que pode servir como uma boa notícia para o britânico depois de tantos reveses. Ao mesmo tempo, não parece haver clima para comemorar, não apenas pela eliminação na Copa pela França, mas pela quantidade elevada de desafios para os próximos anos. 

Enquanto isso, no resto do continente europeu, os investidores, já preocupados com o tempo frio atingindo a Europa e com o escândalo de corrupção atingindo o Parlamento Europeu, que desmoraliza a classe política, ainda terão que lidar com a reunião de política monetária do BCE, na quinta-feira — um aumento de 50 pontos-base é a previsão de consenso do mercado. 

· 04:06 — Encontro entre gigantes 

A visita de quatro dias de Xi Jinping ao território saudita está terminando. A Arábia Saudita e a China celebraram nos últimos dias um importante encontro que selou mais acordos entre as duas grandes nações— estima-se que US$ 30 bilhões em acordos tenham sido assinados, incluindo acordos de energia e infraestrutura, e setores que poderiam se beneficiar de empresas da lista negra dos EUA. O encontro se deu alguns meses depois de o presidente Biden ter visitado o país em meio à crise energética em casa e à necessidade de reafirmar a liderança americana na região. 

Pequim está vendo a viagem através das mesmas lentes à medida que expande sua esfera de influência. Para a Arábia Saudita, a China ultrapassou fortemente os EUA como seu maior parceiro comercial desde 2016 e, embora o Reino tenha contado historicamente com a ajuda militar americana sob políticas de “petróleo para segurança”, os tempos podem estar mudando. A indústria de xisto dos EUA eliminou a necessidade de muito petróleo do Oriente Médio, enquanto a China se tornou o principal cliente de petróleo da Arábia Saudita. Há uma mudança de lógica no Oriente Médio. 

Um abraço, 

Matheus Spiess 

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.