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Vale (VALE3) impressiona no resultado do 2T24 e PIB dos EUA supera expectativas: o que esperar da bolsa de valores nesta sexta-feira (26)?

A Vale reportou um lucro 210% maior na comparação anual. Neste ritmo, veja o que investidores devem prestar atenção no mercado hoje.

Por Matheus Spiess

26 jul 2024, 09:03 - atualizado em 26 jul 2024, 09:03

Imagem para representar o value investing, uma estratégia de investimento que se baseia na busca por ações que estejam subvalorizadas no mercado.

Bom dia, pessoal. Após o PIB dos Estados Unidos superar as expectativas, os investidores estão confiantes na capacidade do Federal Reserve de assegurar um “soft landing” para a economia.

Essa perspectiva tem sido um impulsionador para a valorização contínua dos setores que ficaram para trás nos últimos trimestres, um fenômeno que persistiu nos últimos dias, inclusive na quinta-feira (25).

Neste cenário otimista, os futuros de ações americanas subiram nesta manhã, impulsionados pela expectativa em torno do PCE, o indicador de inflação preferido pelo Fed. Esse sentimento positivo reflete uma tendência semelhante observada na Ásia, onde a maioria das bolsas registrou ganhos nesta sexta-feira (26).

A ver…

· 00:56— Não acredito em uma alta da Selic

No Brasil, o Ibovespa voltou a cair ontem (25), descendo abaixo dos 126 mil pontos. Essa queda foi influenciada pelo sentimento negativo em relação às grandes empresas de tecnologia nos Estados Unidos. Além disso, dois problemas domésticos continuam a causar dificuldades.

Primeiro, a situação fiscal do país permanece desafiadora; as medidas iniciais de contenção de gastos para 2024 e 2025 se mostraram insuficientes para atingir as metas estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal.

Segundo, a inflação surpreendeu negativamente. A prévia do IPCA de julho subiu 0,30% em relação ao mês anterior, superando as expectativas do mercado. Embora seja uma desaceleração em comparação com maio, um índice de preços acima do previsto compromete a percepção de que o Banco Central está conseguindo controlar a inflação.

A incerteza fiscal e a falta de clareza na política monetária fazem com que o mercado antecipe uma possível alta da Selic ainda este ano. Pessoalmente, não acredito nessa hipótese, mas a conjuntura doméstica continua desfavorável.

· 01:47 — Digerindo o resultado de Vale (VALE3)

Devido à sua importância, o setor de commodities exerce uma influência significativa no mercado financeiro brasileiro. Hoje, o segmento está especialmente positivo, dado que os resultados da Vale (VALE3), uma das maiores empresas do índice brasileiro, superaram amplamente as expectativas.

Na noite passada, a empresa anunciou um lucro impressionante de quase US$ 2,8 bilhões, representando um aumento de 210% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho impulsionou as ADRs da mineradora no pre-market de Nova York.

Mesmo com os desafios políticos que trazem notícias negativas para o governo, espera-se que a sólida performance da Vale tenha um impacto positivo no mercado acionário local hoje, proporcionando um ambiente de negociação mais estável.

· 02:34 — Chuva de notícias

Nos Estados Unidos, ontem foi um dia movimentado tanto no cenário micro quanto no macro. No entanto, o resultado final foi negativo, com quedas nos índices S&P 500 e Nasdaq Composite.

Mais de 40 empresas do S&P 500 divulgaram seus resultados, o que naturalmente aumentou a volatilidade do mercado. Embora o ritmo de crescimento dos lucros esteja positivo até agora, algumas frustrações nesta temporada de resultados afetaram o sentimento do mercado.

Outra grande notícia foi a divulgação dos dados do produto interno bruto (PIB) do segundo trimestre. O PIB real, ajustado pela inflação, aumentou a uma taxa anualizada de 2,8% no período, superando as expectativas. Isso diminui os temores de uma recessão, mas ao mesmo tempo reduz as chances de um corte de juros em setembro.

Hoje (26), o índice de preços de despesas de consumo pessoal para junho será divulgado, trazendo mais clareza sobre a situação econômica.

· 03:21 — Eletrificação da frota?

No ano passado, 84% das vendas de carros nos EUA foram de veículos tradicionais a gasolina, marcando sua menor participação no mercado à medida que o setor se torna mais elétrico. Este ano, seis das principais fabricantes de veículos elétricos nos EUA relataram um aumento de mais de 50% nas vendas de EVs no primeiro trimestre em comparação ao ano anterior.

No entanto, o crescimento geral desacelerou, impactado pelos desempenhos insatisfatórios da GM e da Tesla (sendo a Tesla ainda a única fabricante que lança modelos EV em massa nos EUA).

Com a demanda por veículos elétricos esfriando, GM, Ford e Tesla congelaram bilhões de dólares em investimentos planejados para EVs. Outras montadoras, como Toyota e Nissan, redirecionaram seus esforços para se concentrar em híbridos.

As montadoras veem os híbridos como um passo intermediário necessário no longo caminho para a popularização total dos veículos elétricos. Parece que a eletrificação da frota levará mais tempo do que se esperava nos EUA.

· 04:12 — Um novo motor para a economia global

Espera-se que, nos próximos anos, a Índia assuma o papel de principal motor do crescimento global, substituindo a China. Isso ocorre em um contexto onde o crescimento econômico da Índia está se aproximando de 8% de forma sustentada. Em outras palavras, a Índia está à beira de uma significativa mudança estrutural em sua trajetória de crescimento. No entanto, para manter essas taxas de crescimento estáveis, os formuladores de políticas devem focar no controle da inflação.

Embora o índice de preços esteja desacelerando e tenha atingido 4,75% no segundo trimestre, ainda está ligeiramente acima da meta de 4%. Paralelamente, o Banco Central tem mantido sua taxa de política inalterada em 6,5% por mais de um ano, e há um crescente clamor por cortes nas taxas. Seja como for, a expectativa é que, à medida que esses ajustes sejam feitos, a Índia se torne a principal força impulsionadora do crescimento global.

· 05:07 — Um veículo diferente para sua carteira…

Você conhece o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA)? Este é um instrumento de crédito nominativo e livremente negociável, que representa uma promessa de pagamento em dinheiro, constituindo-se em um título executivo extrajudicial. Isso significa que é um documento que comprova uma obrigação de pagamento clara, permitindo ao titular iniciar uma ação de execução contra o devedor, se necessário.

Diferentemente do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), …

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.