Bom dia, pessoal. Lá fora, as ações caíram nesta quarta-feira (21) na Ásia, acompanhando os índices de referência de Wall Street, que recuaram após a alta do S&P 500 para seu nível mais alto desde a primavera do ano passado. Nem as exportações sul-coreanas conseguiram sustentar o humor, mesmo tendo observado uma alta nos primeiros vinte dias de junho, o que poderia sugerir alguma normalização da demanda global por bens. A verdade é que enquanto a segunda maior economia do mundo estiver tropeçando em sua recuperação com o fim das restrições da Covid, será difícil verificar novas altas.
Os mercados europeus operam predominantemente em queda nesta manhã, assim como podemos observar nos futuros americanos. Nos EUA, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, testemunhará perante o Congresso na quarta e quinta-feira — na semana passada, o Fed manteve estável sua taxa básica de juros, a primeira vez em mais de um ano que não anunciou um aumento. Como a autoridade alertou que poderia aumentar as taxas duas vezes mais este ano, qualquer novidade comentada por Powell poderá servir de suporte para as expectativas do mercado.
A ver…
· 00:54 — O tom de flexibilização
No Brasil, ainda sofremos com a frustração dos investidores perante os estímulos mais fracos do que o esperado na China, que prejudica os preços internacionais das commodities e, consequentemente, algumas ações brasileiras pesadas no Ibovespa. Teremos hoje a conclusão do Comitê de Política Monetária (Copom) depois do fechamento de mercado, que deverá pela primeira vez sinalizar um tom mais flexível para a condução da política monetária, podendo indicar redução da Selic em breve. Nossa expectativa é que seja em agosto com 25 pontos-base de corte.
Ontem, para reforçar a chance de corte dos juros, tivemos uma deflação acelerando na prévia de junho do IGP-M. A queda no preço dos combustíveis e o dólar abaixo de R$ 4,80 podem desacelerar ainda mais a inflação. O resultado seria uma eventual escalada mais rápida de cortes da Selic no segundo semestre — o que varia entre os investidores é a perspectiva para o ritmo de cortes dos juros. Caso a tendência mais flexível se confirme, as ações voltariam a ganhar força para além dos 120 mil pontos. Na agenda, ainda contamos com a votação atrasada do arcabouço no CAE do Senado.
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· 01:50 — O que Powell ainda tem a nos dizer?
Nos EUA, as ações caíram ontem com os investidores abrindo a semana encurtada pelo feriado com temores renovados sobre o próximo movimento do Federal Reserve. O medo de uma recessão não desapareceu, mas as ações estão dizendo claramente que um pouso suave (soft landing) agora é o caso base. Na agenda, temos o testemunho semestral do presidente do Fed, Jerome Powell, perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, que está marcado para hoje — há suspeita de que a pausa de junho foi parte de um acordo para apaziguar os ânimos no interior do Fed.
Os comentários de Powell serão analisados em busca de novas pistas sobre possíveis movimentos nas taxas. Com o sentimento ainda otimista e os mercados bem comprados, Powell poderia fornecer um mínimo de apoio ao avanço do mercado, mas se ele sugerir que está no campo dos falcões (favoráveis a mais aumentos dos juros), os mercados podem precisar continuar a diminuir os ganhos até que surja um catalisador viável. Note que o nervosismo do mercado pode durar mais, uma vez que Powell também testemunhará na quinta-feira perante o Comitê Bancário do Senado.
· 02:46 — A condição europeia
O Banco Central Europeu concluiu a maior parte de seus aumentos nas taxas de juros e possíveis novos aumentos seriam menos importantes no combate à inflação do que a duração da política monetária restritiva. De fato, os europeus parecem já ter caminhado a maior parte da jornada. Qualquer aumento adicional dependerá dos dados de inflação observados (cada decisão de uma vez). Os comentários dos membros do BCE adicionam cautela a um debate acalorado sobre as perspectivas para as taxas de juros.
Enquanto isso, o Reino Unido teve mais uma surpresa com a inflação hoje, ao ver o índice de preços ser entregue acima do esperado e acelerando para 7,1% na comparação anual dos núcleos, que excluem os itens mais voláteis. O Banco da Inglaterra se reunirá para tratar da política de taxas de juros na quinta-feira em um momento no qual os bancos centrais de todo o mundo começam a seguir direções divergentes. O caso britânico é especialmente delicado e chama a atenção.
· 03:35 — Mais ajuda aos ucranianos
A União Europeia está pronta para propor um pacote de ajuda financeira de cerca de US$ 55 bilhões para apoiar a Ucrânia, enquanto o país embarca em uma contraofensiva crítica para retomar o território perdido desde a invasão da Rússia há mais de um ano. Sim, apesar de menos comentada, a guerra continua lá fora.
A proposta da Comissão Europeia, o braço executivo da UE, ajudará a financiar os gastos atuais do governo ucraniano e a pagar por prioridades de reconstrução, de acordo com pessoas familiarizadas com o plano. O pacote completo, ainda sujeito a mudanças antes de se tornar público, será anunciado em breve.
· 04:07 — Uma visita encantadora
O secretário de Estado Antony Blinken teve uma recepção silenciosa quando chegou a Pequim. Um único funcionário do Ministério das Relações Exteriores para recebê-lo no aeroporto e nenhum tapete vermelho. Quarenta e oito horas depois, no entanto, a viagem parecia ter alcançado seu objetivo, uma vez que os dois lados haviam restaurado algumas comunicações de nível sênior. Por incrível que pareça, o próprio líder chinês Xi Jinping teve uma reunião com Blinken — se encontrar formalmente com outro alguém que não seja um chefe-de-estado indica boa vontade dos chineses.
Para melhorar ainda mais o contexto, Xi Jinping fez elogios raros à visita dos americanos. Consequentemente, o presidente Joe Biden saudou o que disse ser um progresso na restauração dos laços entre EUA e China (apesar de ter cometido mais uma de suas infinitas gafes ao chamar o presidente chinês de ditador — sabemos que é, mas não pode ser dito assim). A expectativa de todos é que teremos melhores comunicações e melhor envolvimento daqui para frente. Com isso, a visita de Blinken foi bem-sucedida em restaurar algumas comunicações de alto nível com a China.