O Banco do Brasil (BBAS3) recentemente teve sua recomendação rebaixada por analistas de grandes bancos do mercado. A decisão ressoa com a da Empiricus Research, que tem o BB como call neutro desde o final de 2022.
“Quando o governo atual assumiu, tiramos as ações BBAS3 das carteiras, o que se provou uma decisão acertada, visto que se tornou bem pior que os pares [grandes bancos listados na bolsa brasileira]”, comenta a analista CFA Larissa Quaresma da Empiricus Research, em entrevista ao Giro do Mercado do Money Times, portal de notícias do mesmo grupo da casa de análise.
Apesar do pessimismo com as ações do Banco do Brasil, a analista ressalta que isso não é generalizado com todo o setor financeiro. “No segmento dos ‘bancões’, nossa recomendação segue em Itaú (ITUB4), que deve continuar sendo a mais rentável da bolsa brasileira”, revela Quaresma.
Dois fatores que influenciam o pessimismo com o Banco do Brasil
A analista de ações explica que o Banco do Brasil ainda deve se recuperar, mas que neste momento existem propostas melhores de investimentos na bolsa. Isso porque dois principais fatores afetam muito os negócios do BB.
O primeiro detrator do ativo, segundo ela, está relacionado ao agronegócio. “Ao longo desse ano, vimos as principais commodities exportadas, como soja, milho, algodão e açúcar, com quedas relevantes em dólar, na casa de 2 dígitos, apesar da alta do dólar ser de 23% no ano”, contextualiza Quaresma.
Em 2023, ela relembra que o agro conseguiu “carregar o PIB” sozinho, o que estimulou uma “abertura de torneira” de crédito por parte do setor bancário, principalmente pelo BB – maior do setor no Brasil.
Já em 2024, com a queda no valor das commodities, há uma outra realidade para o setor, principalmente para o produtor menor que tem um fôlego mais curto em termos de geração de caixa.
“Isso acaba gerando inadimplência, os produtores não conseguem pagar suas dívidas e, somado à alta dos juros, as despesas do banco ficam ainda mais pesadas. A inadimplência, entretanto, é um efeito com lag [atrasado], um dos últimos a mostrar que a saúde financeira está pior”, comenta.
Além disso, um segundo fator que impacta o preço dos ativos é o ciclo de alta de juros. “Tenho receio de que o governo venha a usar o banco como uma forma de subsidiar o crédito no país. Então teríamos um custo de captação que sobe com taxas de empréstimos, que também deveriam subir, mas são menos ajustadas, por ser um banco de direcionamento estatal”, salienta Quaresma.
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Sem BBAS3 na carteira, onde devo investir?
Na visão da analista CFA, as ações do Banco do Brasil não são necessariamente uma opção ruim, mas há outras mais atrativas no mercado, com mais margem para lucros.
“Em comparação ao BB, o Itaú Unibanco (ITUB4) é muito mais conservador e mais célere na reprecificação do crédito. Durante momentos de risco no mercado, ele é um dos ativos mais seguros, especialmente depois do recuo recente no preço das ações”, comenta Quaresma.
No mês, as ações do Itaú acumulam uma queda de 6,2% e de mais de 1,5% no ano.
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