Investimentos

Efeito DeepSeek: “Empresas de infraestrutura são as grandes beneficiadas”, segundo CIO da Empiricus Gestão

João Piccioni participa do podcast Touros e Ursos, analisando o futuro da inteligência artificial e seus impactos no mercado financeiro

Por Bruna Vogel

05 fev 2025, 10:31 - atualizado em 05 fev 2025, 10:31

DeepSeek IA Big Techs

A mais recente edição do podcast Touros e Ursos, do portal Seu Dinheiro (empresa do mesmo grupo da Empiricus), trouxe um debate de peso sobre o futuro da tecnologia e da inteligência artificial (IA). 

O convidado, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, analisou os desdobramentos do lançamento do Deepseek pela China e os impactos para as Big Techs dos EUA. 

Confira os principais insights dessa conversa e entenda o que está em jogo.

O que é o DeepSeek e por que ele surpreendeu?

O DeepSeek é um novo modelo de IA de código aberto desenvolvido na China, que promete rivalizar com os gigantes ocidentais como ChatGPT e Gemini. Sua eficiência chamou atenção pelo uso otimizado de dados e menor consumo de energia.

“O DeepSeek utiliza técnicas inovadoras como o mixture of experts, que melhora a seleção de dados para inferência, e um modelo de compressão de dados que reduz o custo computacional em termos de consumo energético. Isso trouxe respostas muito positivas em termos de velocidade e eficiência”, explicou Piccioni.

A novidade, no entanto, não significa uma revolução absoluta. Segundo Piccioni, o DeepSeek se baseia em aprendizados e modelos anteriores, como o ChatGPT e o LLaMA. “Quando surgiram os primeiros relatórios afirmando que o treinamento custou apenas US$ 6 milhões, especialistas rapidamente apontaram que o modelo utilizou dados do GPT e do LLaMA”, destacou. 

É o fim das Big Techs? Pelo contrário: deve haver ainda mais investimentos no setor

Apesar da euforia inicial do mercado e da queda de ações de empresas como NVIDIA (NVDC34) e Broadcom (AVGO34) na semana do lançamento, Piccioni acredita que o DeepSeek é um avanço dentro da evolução natural da IA, mas não uma ameaça existencial para as Big Techs.

“O impacto foi momentâneo, o mercado rapidamente reequilibrou suas posições e vários ativos já voltaram às suas máximas. Daqui a alguns meses, o DeepSeek será visto mais como um choque de mercado do que uma grande disrupção”, afirmou.

Para ele, o movimento deve incentivar ainda mais investimentos no setor. “As Big Techs estão na vanguarda e precisam continuar investindo. Esse episódio mostrou que estamos dando passos importantes em direção à IA generativa, mas não foi um ponto de inflexão radical”.

Concorrência maior e novos desafios para as empresas de tecnologia

O DeepSeek também levantou questões sobre o aumento da concorrência no setor e o futuro dos modelos fechados (ou seja, mantido em sigilo pelas organizações), como o da OpenAI. Piccioni compara a atual corrida da IA com o surgimento dos navegadores na era da internet.

“O Netscape foi pioneiro em oferecer um browser, mas a Microsoft ofereceu o Internet Explorer de graça, eliminando a concorrência. Algo semelhante pode acontecer com a IA. A OpenAI lançou o ChatGPT, mas empresas como Meta e Antropic estão popularizando modelos abertos como o LLaMA, que já é o mais utilizado pelos desenvolvedores”, analisou.

Segundo Piccioni, o maior risco é para os modelos fechados. “O grande problema da OpenAI foi não conseguir popularizar seu modelo antes dos concorrentes chegarem. Os desenvolvedores estão migrando para alternativas open source, e isso pode ser fatal para a liderança do ChatGPT”.

Quem ganha e quem perde com essa revolução?

O impacto também se estende às empresas de hardware, como a NVIDIA. A gigante de chips perdeu meio trilhão de dólares em valor de mercado no dia do lançamento do DeepSeek, mas Piccioni vê isso como um reflexo exagerado do mercado.

“Mesmo que modelos como o DeepSeek reduzam o custo de treinamento, a demanda por processamento continuará alta. Estamos apenas no início da popularização da IA, e cada vez mais empresas e usuários precisarão de mais poder computacional”.

Para ele, as empresas de infraestrutura, como data centers e fornecedores de energia, são as grandes beneficiadas dessa revolução. “Na Empiricus Gestão, investimos em setores que darão suporte a essa demanda crescente. Empresas de semicondutores e infraestrutura de nuvem ainda terão grande valor”, explicou.

O futuro da IA: para onde vamos?

O avanço do DeepSeek reforça a tendência de maior adoção da IA em diferentes áreas. De acordo com Piccioni, esse é apenas o começo de uma revolução tecnológica que ainda trará mudanças significativas.

“A IA vai sair dos LLMs para outras áreas, como mobilidade e automação. Em poucos anos, estará ainda mais presente na nossa rotina do que imaginamos hoje”, concluiu.

Além dessas análises sobre IA e impactos no mercado financeiro, Piccioni também comentou sobre dólar e Trump. O episódio completo do Touros e Ursos está disponível no link abaixo. 

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Sobre o autor

Bruna Vogel

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo/USP e mestre em Estudos Latino Americanos e Caribenhos pela New York University/NYU, é redatora do site da Empiricus.