
Imagem: iStock/Darren415
O início da temporada de resultados do 4T24 nos EUA trouxe insights importantes sobre setores-chave como bancos, tecnologia e streaming.
Enzo Pacheco, analista da Empiricus, destacou alguns pontos cruciais que ajudam a entender os impactos no mercado.
Quais foram os destaques do setor bancário nos EUA no 4T24?
EP: “As maiores instituições financeiras reportaram números melhores do que o esperado pelo mercado, principalmente por conta das suas operações de bancos de investimentos (fusões e aquisições, trading, gestão de ativos).
Por outro lado, a parte de banking segue sob pressão. Essa atividade, primordial para todos os bancos, tende a impactar mais os menores players (cujo foco de atuação está em buscar novos depósitos e oferecer crédito) do que os bancões, uma vez que os juros mais altos devem continuar pressionando a margem financeira líquida (NII, em inglês) de todas as instituições”.
Você poderia citar um exemplo?
EP: “O JPMorgan Chase (JPMC34), por exemplo, projeta uma leve queda no seu “NII core” (que exclui a parte mais volátil de Mercados), que deve totalizar US$90 bilhões em 2025, ante US$92 bilhões do ano passado.
O CFO do banco, Jeremy Barnum, pontuou na teleconferência com os analistas que o sentimento dos clientes de pequenas empresas ainda é de cautela, citando os problemas enfrentados por esses negócios devido à inflação. Tanto que a parte de empréstimos comerciais do banco – que engloba o middle-market como os empréstimos imobiliários para imóveis comerciais – teve queda anual de 2% no 4T24.”
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Como o governo Trump pode impactar o setor bancário em 2025?
EP: “Há uma perspectiva de menores regulamentações por parte do governo Trump e a possível retomada nas operações de M&A e IPOs no ano. Diversas gestoras e fundos contam com essas transações para conseguir retornar os recursos para seus investidores.”
Falando agora da Netflix (NFLX34), o grande destaque do 4T24…
EP: “Nos três meses encerrados em dezembro, a companhia teve receita de US$10,247 bilhões, crescimento de 16% (+19%, desconsiderando a variação cambial) em relação ao mesmo período do ano anterior.
Esse aumento no faturamento da Netflix veio basicamente pela forte adição de assinantes líquidos no trimestre, que totalizou 18,91 milhões, mais do que o dobro do consenso dos analistas (9,18 milhões).
A cada trimestre que passa, o catálogo de conteúdo da empresa vem se mostrando um diferencial em relação às suas competidoras.
Além disso, a linha de receita de publicidade da Netflix vem crescendo de maneira significativa nos últimos trimestres. De acordo com a companhia, os planos com ads representaram mais de 55% dos novos assinantes nos mercados em que essa opção já está disponível, além do total de usuários desses planos ter crescido 30% em relação ao 3T24.”
Quais os planos da Netflix para 2025?
EP: “Uma das prioridades para 2025 é melhorar a oferta desses serviços para os anunciantes. Ao final de 2024, a companhia anunciou que estava montando a sua plataforma de anúncios no Canadá, e agora já oferece todos os produtos e serviços por conta própria.
Sendo dona dessa tecnologia, a Netflix (NFLX34) será capaz de entregar melhores insights para seus anunciantes, incluindo a disponibilidade de programação, uma maior capacidade de aprimoramento do público-alvo e métricas adicionais para avaliação e mensuração das campanhas. A expectativa é de que a plataforma seja disponibilizada em outros mercados ao longo desse ano, começando pelos Estados Unidos em abril.
Mas isso também não impede a companhia continuar tentando monetizar melhor aqueles usuários que não gostam de ser impactados com propagandas. Tanto que anunciou que está aumentando o preço de seus planos em mercados como EUA, Canadá, Portugal e Argentina. Essa medida já estava considerada na projeção de receita para 2025 anunciada anteriormente.”
E como isso impacta Amazon (AMZO34) e Disney (DISB34), duas grandes concorrentes no mercado de streaming?
EP: “Tanto a ‘Loja de Tudo’ como a companhia do Mickey e sua turma também têm buscado aumentar suas receitas por meio de publicidade.
A Amazon (AMZO34) tenta isso por meio de suas operações de comércio eletrônico e via streaming. Já a Disney (DISB34) conta com um plano similar à Netflix — apesar de contar com uma operação de Redes de TV que ainda pesa no seu resultado total.
Mas entendo que, dado o espaço para o crescimento das plataformas de streamings no dia a dia dos indivíduos do mundo todo, uma vez que ainda representam uma pequena parte do tempo de tela, haverá espaço para os melhores serviços de vídeo sob demanda, não apenas a Netflix.
Acredito que essa parte deva ser um fator importante dos resultados dessas duas companhias nesse trimestre, esperando que as ações tenham uma reação similar a da sua rival no dia do anúncio (alta de 10% no dia).”
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