Análise sobre os bancões: Itaú (ITUB4) e BB (BBAS3) foram os destaques dos resultados no 4T21; cenário tende a ser conservador na oferta de crédito em 2022
Performance é o quarto recorde da alta histórica, impulsionada por juros baixos que geraram expansão de crédito em 2021
Apesar do cenário pandêmico, os grandes bancos de varejo divulgaram lucro nominal de R$ 81,63 bilhões no 4T21. Esse valor é composto pelos resultados do banco Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3).
O resultado representa um crescimento de 32,5% se comparado ao ano de 2020, quando foi registrado um lucro de R$ 61,62 bilhões. Ademais, o último desempenho agregado dos quatro bancões é considerado o quarto recorde da alta histórica dos lucros dos bancos.
Conforme a analista da Empiricus Larissa Quaresma, com base em dados da Economatica, os destaques foram:
Itaú Unibanco que teve o maior lucro no acumulado de 2021: R$ 28 bilhões;
Banco do Brasil, com lucro de R$ 19,7 bilhões
Na avaliação de Quaresma, os valores são resultantes da retomada da atividade econômica e das medidas para conter os efeitos do coronavírus, em especial o andamento da vacinação e das doses de reforço em todo o país. “Em 2021, o que tivemos foi uma série de medidas do governo, como a diminuição da taxa de juros. Com isso, houve a expansão do crédito aos consumidores, logo uma diminuição da inadimplência”, afirma.
Oferta de produtos mais arriscados elevam spreads do Itaú e Santander; BB, Itaú e Bradesco vêm na dianteira
Na contramão dos outros bancos, Itaú e Santander têm elevado o spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam por captar dinheiro e o que cobram por empréstimos). O movimento é resultado de uma maior oferta de produtos de risco, diz a analista.
“Isso é claramente o sinal de uma maior oferta de linhas de créditos arriscadas, como cartão de crédito, empréstimos etc. Mas não podemos esquecer que isso também se deve ao grande crescimento dos bancos. Não à toa, o Itaú está com o seu spread em 0,2% e o Santander, com o seu em 0,6%, enquanto os outros bancos estão com o spread negativo”, complementa.
Banco do Brasil apresenta menor inadimplência de seus clientes
Com a inflação nas alturas e o aumento da taxa de juros, a população brasileira observou o seu poder de compra diminuir. Com isso, as famílias se viram obrigadas a pedir empréstimos e a adiar o pagamento de seus débitos, sobretudo da fatura do cartão de crédito. Assim, o endividamento nos lares saltou a 70,9%, conforme levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Nisso, os bancos privados viram o índice de inadimplência aumentar no 4T21. O movimento foi causado pelo grande volume de empréstimos realizados durante a baixa da taxa de juros aos consumidores nos trimestres anteriores.
“Isso é explicado pela piora no cenário macroeconômico a partir do 2° trimestre de 2021 que teve eco no 4° trimestre do mesmo ano. Os bancos privados (que facilitaram os empréstimos) viram a inadimplência em suas agências subir. Diferente do BB, que teve uma postura mais conservadora quanto à oferta de crédito”, observa.
Na inadimplência de mais de 90 dias, Itaú fechou com um índice de 0,1%; Bradesco, 0,6%; Santander, 06%, e Banco do Brasil, com -0,2%.
Expectativas para 2022
Para este ano, Quaresma aponta um cenário desafiador para os bancos. “É um ano de recessão. Podemos ver uma tendência mais conservadora na concessão de crédito, desacelerando o crescimento da carteira de crédito”, diz.
Na visão dela, Banco do Brasil e Itaú Unibanco tenderão a se sobressair. “Vejo um crescimento mais forte da carteira de crédito e um comportamento mais sadio da inadimplência desses bancos (assumindo que vão atingir o guidance que passaram para mercado)”, finaliza.
Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo. É integrante da equipe de conteúdo da Empiricus. Teve passagem pela Jornalismo Júnior (ECA-USP) e já atuou como assistente de comunicação na Força Área Brasileira.
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