Demanda por petróleo seguirá alta em 2022; investidor pode buscar oportunidade em aplicações neste setor
Com a publicação do último relatório pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), projeções de analistas especializados no setor apontam que barril do tipo Brent e WTI poderão chegar a US$ 100 em 2022.
Nesta quinta-feira (10/02), a Opep informou que a demanda pela commodity aumentará em 4,2 milhões barris por dia (bpd) em 2022, portanto, um total diário de 100,8 milhões de barris. Calcula-se que o consumo no ano passado ficou em 96,6 milhões de bpd.
Matheus Spiess, analista de investimentos da Empiricus, comentou sobre o panorama para o petróleo em 2022 em um vídeo especial. No vídeo, ele explica que, com a recuperação pós-pandêmica, a demanda pelo combustível aumentou de forma considerável, o que pressiona o preço da commodity.
De acordo com ele, o preço do petróleo (Brent e WTI) já flerta com patamares acima de US$ 90 o barril. “A tendência é de elevação do valor. Isso se deve à retomada da atividade econômica e aos movimentos do cartel [Opep+, que inclui a Rússia] para jogar os preços para cima,” observa.
Entre a queda e a recuperação dos preços: os quatro movimentos do mercado de óleo e gás, segundo Spiess:
A industrialização da China: O analista comenta que a forte valorização do óleo e gás – no final da década de 90 e início do século XXI – se deve, sobretudo, à industrialização da China. O gigante asiático estimulou toda a demanda global por commodities, sobretudo os minérios, visto o deslocamento em massa de cadeias produtivas para o país.
Spiess explica que isso se deve a abertura do mercado chinês, a partir das reformas de Deng Xiaoping, nas quais as companhias enxergaram um mercado consumidor em potencial, já que o número de habitantes do país asiático girava em torno de 1,1 bilhão de pessoas em 1990.
A desaceleração na segunda década do século XXI: Entre os muitos destaques do século XXI, Spiess pontua a crise de 2008 como um dos principais fatores para queda no preço do petróleo nesse período. Durante a crise internacional, com as bolsas globais em queda, a commodity perdeu metade do seu valor.
Não bastasse isso, com o início da produção do combustível em larga escala pelos Estados Unidos, a oferta do barril aumentou no mercado, o que, por sua vez, influenciou a cotação para baixo.
O choque da Covid: Com o início da pandemia, em Março de 2020, a demanda por petróleo despencou em todo o mundo. As restrições de circulação impostas pelos governos fez com que as pessoas ficassem menos dependentes dos transportes movidos a combustíveis fósseis.
Com isso, explica Matheus, toda a cadeia produtiva do petróleo foi afetada, com os contratos futuros do barril do tipo Brent (referência no mercado internacional) sendo negociados em patamares muito baixos. “O que vimos foi uma oferta em alta, demanda em baixa e os preços caindo, com o barril chegando a US$ 20,” complementa.
A recuperação pós-pandêmica: Diferentemente do período anterior, a recuperação econômica, em plena pandemia, condicionou uma alta demanda por petróleo em todo o mundo, a qual não foi abarcada pela oferta. Esse movimento levou à elevação de preço da commodity.
No vídeo, o analista da Empiricus relembra que esse cenário foi provocado principalmente pela atuação da OPEP+, a qual exerce o controle sobre a oferta e preços dos barris de petróleo.
“O intuito da OPEP+ é manter a estabilidade do mercado [petrolífero] e a competitividade. E, atualmente, eles estão atuando para diminuição da oferta no mercado. O resultado, portanto, é o aumento dos preços dessa commodity no mundo,” afirma.
Onde investir?
Commodities sempre serão uma opção atrativa de investimentos no mercado, já que estes produtos seguem a lei da oferta e demanda. E com o atual movimento da OPEP+ em diminuir a oferta do petróleo, esta commodity teve uma verdadeira valorização, registrando uma alta em sua cotação. Com isso, os investidores podem encontrar um ponto de entrada interessante para surfar nesta alta.
Por isso, Spiess elenca dois potenciais tipos de aplicações, conforme a seguir:
ETFs (Exchange Traded Funds): SDPR S&P & GAS EXPLORATION & PRODUCT ETF (NYSE: XOP) VANGUARD ENERGY ETF (NYSE: VDE)
Ações: Nacionais: PETROBRAS (B3: PETR4) + 3R (B3: RRRP3) e Internacionais: BP (NYSE: BP; B3: B1PP34)
Políticas ambientais não freiam alta demanda por petróleo
Em relatório recente na série Fire – Financial Independence, Retire Early, Rodolfo Amstalden, sócio fundador da Empiricus, ressalta que as políticas ambientais e as metas de reduções de emissões de CO2, bem como as proibições de exploração de novos campos de petróleo, podem indicar um cenário de queda na produção e um setor menos atrativo. Por outro lado, ele pontua que a demanda pelo combustível fóssil não vai parar de crescer assim tão cedo.
“Somos tão viciados em energia quanto os fumantes são em cigarros — com a gasolina em R$ 3 ou em R$ 6, ainda precisamos dela para ir ao trabalho e para cumprir com as nossas atividades diárias,” exemplifica o cofundador da Empiricus.
A resistência a fontes renováveis e ainda o preço exorbitante da energia verde são outros fatores que sustentam a popularidade do uso do petróleo.
Amstalden vê que a transição energética – que tem a meta de zerar as emissões de gás carbono até 2050 – pode ser um desafio, ao mesmo tempo que uma oportunidade de investimento. “Isso se deve aos custos elevados para produção da energia sustentável, os quais geram barreiras na transição para uma economia de baixo carbono,” finaliza Amstalden.
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