Nas últimas semanas muito ouvimos falar sobre as decisões de política monetária dos Bancos Centrais, que tem como meta preservar o poder de compra da moeda e garantir maior previsibilidade nas decisões econômicas no longo prazo, além de estabilidade nos preços, através da principal ferramenta que tem em mão: a taxa básica de juros.
Antes de mais nada, é preciso entender o panorama geral. O que está acontecendo lá fora?
1. Recuperação da economia. Depois de um ano tão complicado, podemos acompanhar a recuperação de carregamento estatístico, planos de estímulos ao redor do mundo e vacinação da população. A soma desses fatores normaliza a situação econômica, pessoas voltam a consumir, o que leva a uma elevação da expectativa da inflação – aumento da procura, aumento de preço, perda do poder de compra da moeda; 2. Alta dos preços das commodities. Países desenvolvidos voltando a ativa, reabastecendo suas cadeias de suprimentos o que impulsiona as commodities e o aumento de preço da matéria prima, encarecendo os bens de consumo; 3. Quebra cadeia de suprimentos globais. Os setores da economia não voltam à ativa juntos, gerando uma quebra de oferta e demanda e um choque de preços; 4. Expansionismo fiscal e monetário. Grandes gastos ao redor do mundo, muita liquidez. Com mais dinheiro na economia, ele perde seu valor e propicia uma pressão de preço.
Além de tudo isso, no Brasil ainda temos algumas complicações:
1. Fiscal muito debilitado. A dívida sobre o PIB está em patamares bastante complicados para países emergentes, além do país ter pouca credibilidade de bom pagador. 2. Pior momento da pandemia. Atualmente temos cidades fechadas e uma gravíssima crise sanitária; 3. Alta do dólar. Com a taxa de juros pra baixo, há uma diminuição do diferencial de juros entre Brasil e países desenvolvidos, tirando recursos do Brasil. Se esse diferencial se achata, temos uma depreciação do real. Além do real ser uma moeda exótica e frágil.
Porém, ao que tudo indica, que a inflação parece ser baixa no longo prazo pelos seguintes motivos: – Demografia. Com o envelhecimento da população, o gasto hoje é menor para que seja maior no futuro. Isso significa menos pressão de preços no presente; – Tecnologia. Os processos produtivos tem um custo mais baixo, barateando o produto final; – Globalização. Costuma ser taxada com um viés de deflação.
E como foi a decisão dos Bancos Centrais levando em conta esses cenários?
O Federal Reserve, Banco Central americano, manteve o juro entre 0% e 0,25% e travou essa decisão até 2023. Ao seu ver, a inflação é temporária levando em consideração a estabilidade de preços, a pleno emprego.
Já a reunião do Copom, do Banco Central Brasileiro, resolveu tirar liquidez da economia, uma vez que por aqui a inflação não parece ser tão temporária assim. Além disso, foi preciso levar em conta os fones hereditários, contratando mais 0,75pp para a próxima reunião.
Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.
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