Em meio à onda de resultados do 4T21 das fintechs brasileiras, muitos investidores se perguntam em qual ação desse setor investir, ou se ainda vale a pena continuar com as suas posições nessas empresas.
Afinal, do início de 2021 até agora, os bancos digitais listados em Bolsa têm sentido os efeitos adversos relacionados ao cenário macroeconômico que consequentemente tem mexido no modelo de negócio das companhias e nas projeções dos seus resultados.
Pensando nisso, Larissa Quaresma, analista de investimentos da Empiricus, preparou este vídeo em que discorre e compara os resultados das principais fintechs tupiniquins: Nubank (NUBR33) e Banco Inter (BIDI11), com uma “palinha” sobre o Banco Pan (BPAN4).
Mas fique tranquilo! Aqui, você também encontrará os principais pontos abordados pela analista. Confira:
Comparativo entre Nu e Inter
“Enquanto o roxinho conta com uma base de clientes avaliada em 54 milhões de pessoas, que só cresce, o banco Inter conta hoje com uma base de 16 milhões de clientes”, comenta Quaresma.
Mas diferente do que se pensa, conforme aponta a analista, isso não significa que a carteira do Nu seja maior que a do banco Inter. “Vamos aos números: enquanto o Inter tem uma carteira de crédito de quase 20 bilhões de reais, o Nu tem uma carteira de apenas 11 bilhões de reais”, compara.
Ela ainda destaca a diferença de serviços oferecidos por cada banco que contam muito sobre o modelo de negócio de cada Fintech. “Um exemplo claro é o seguro que elas vendem e ganham uma comissão em cima. Enquanto o roxinho oferece o seguro do tipo Chubb, o Inter oferece o do tipo Wiz”, exemplifica. “Também temos os serviços. Enquanto o Nu oferece crédito pessoal, o Inter não oferece”.
Segundo ela, esses exemplos garantem um melhor entendimento sobre o lucro de cada companhia. “Depois olhamos para o preço”, adiciona.
Cenário Macro e o negócio fintech
Que a inflação tem efeitos diretos sobre a linha de crédito ofertada pelos bancos – que contempla desde o cartão de crédito, financiamentos, aos empréstimos –, disso ninguém tem dúvidas.
Isso porque quando os juros sobem, maior é o volume de pedidos de parcelamento de dívidas junto aos bancos, ao que Quaresma acrescenta: “começa a incorrer juros que são um tipo de receita para eles e o Nu e o Inter não ficam de fora”.
No entanto, ela relembra que quanto maior o risco de não pagamento dos débitos em cenários turbulentos, maiores serão os juros e a dificuldade em conseguir crédito junto aos bancos por parte dos consumidores.
“Então, o controle da inadimplência é um fator muito caro e importante para o acionista e investidor que acompanha empresas que dão crédito, como é o caso dessas duas fintechs”, avalia.
Quanto ao Banco Pan, Larissa comenta que tem um modelo mais alinhado aos bancos tradicionais e maior expertise na concessão de crédito.
Um pouco de resultados
Por ter 54 milhões de clientes, os serviços de corretagem de seguros, taxa de cartão de crédito e outros serviços garantem um maior volume transacional e maior captação de taxas pelo Nubank em detrimento do Inter.
E não à toa, no 4T21, o Nu gerou 950 milhões de reais em receita de serviços, versus 450 milhões do Inter. “No entanto, apesar de ter bem menos da metade de clientes do Nu, o Inter já praticamente tem metade do volume em receita de serviços do roxinho”, comenta.
Com isso, o Inter já rentabilizou mais que o Nu, ainda que com uma base de clientes menor. E está crescendo mais. “Curiosamente, o Inter teve um crescimento anual de 140% na receita de serviços, enquanto o Nu, 80%”. Ambos resultados dependentes do crédito e das tarifas dos serviços cobrados por cada um.
Short de Nu nas palavras de Quaresma
“Agora isso aqui, isso aqui tá muito caro. Esse múltiplo indica que o Nu está valendo mais ou menos 200 bilhões de reais’, relembra, ao que dispara: “sabe quem vale isso, Itaú Unibanco, maior banco da américa latina em termos de carteira de crédito.
Enquanto o Nu tem uma carteira de 11 bilhões de reais, o Itaú Unibanco que vale a mesma coisa que ele na bolsa, tem um trilhão de reais. “Pensando nisso, em vez de ficar de fora, a gente decidiu entrar vendido em Nu”.
E complementa: “Vendido, apostando na queda dessas ações, sabe por quê? Se algum dia o Nubank se tornar a maior instituição financeira da américa latina, você pagou na frente, ou seja, se você entrar hoje e ter pagar na frente, se ela virar a maior instituição financeira da américa latina, significa que você zerou o seu investimento.”
E se você contar com o valor do dinheiro no tempo, na realidade você perdeu, pois você poderia ter investido em outra coisa que não só ia empatar o seu dinheiro, mais ia te dar lucro.
Então, por isso, seguimos vendidos em Nu, depois de ter sido listado treze vezes seu valor patrimonial, já caiu bastante, está oito vezes. E ainda está caro. Por isso, seguimos com a nossa recomendação de short do Nu.
Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo. É integrante da equipe de conteúdo da Empiricus. Teve passagem pela Jornalismo Júnior (ECA-USP) e já atuou como assistente de comunicação na Força Área Brasileira.
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