Empiricus Play
Resultado da Vale (VALE3) no 1T22: ações seguem promissoras apesar de queda
A Vale (VALE3) fechou o primeiro trimestre de 2022 como a empresa mais valiosa da bolsa brasileira, mas sua ação desabou em abril. Confira a análise de Fernando Ferrer e entenda por que a ação permanece atrativa
De acordo com o relatório divulgado na última quarta-feira (27), referente aos resultados do primeiro trimestre de 2022, a Vale (VALE3) reportou lucro líquido atribuído a acionistas de US$ 4,45 bilhões. Os resultados representam uma queda, em dólar, de aproximadamente 20% em relação ao mesmo período de 2021.
Apesar do resultado negativo, o balanço da Vale (VALE3) foi considerado neutro pelo analista da Empiricus Fernando Ferrer, da série As Melhores Ações da Bolsa. Ele explica os fatores que estão por trás desse número e qual postura deve ser tomada em relação a essa ação.
Olhando para o operacional
A maior linha de atuação da empresa é o minério de ferro, que totalizou uma produção de 63,9 milhões de toneladas. O número caiu 6% em relação ao 1T21 e 22,5% em relação ao 4T21.
Ferrer atribui essa queda a alguns fatores, sendo eles: os atrasos de licenciamento de alguns projetos da empresa e interrupções de produção em função da sazonalidade climática habitual em Minas Gerais.
Conforme o analista, o minério que a Vale vende tem alto teor de ferro e por isso é negociado acima da cotação média internacional da commodity. “Como a Vale produz um minério de melhor qualidade, ela consegue vender a um prêmio maior do que o minério internacional que vemos sendo negociado”. Esse prêmio foi de US$ 9 por tonelada, sendo o mais alto desde o 2T19.
Outro fator destacado pelo analista é que, mesmo com a queda, o guidance de produção do minério de ferro foi mantido, e este representa mais de 80% do Ebitda da companhia:
“No início do ano, a empresa estimou que iria produzir determinada quantidade de minério, e mesmo com o trimestre desafiador, ela mantém essa estimativa”. Esse guidance, por sua vez, é de 320 a 335 milhões de toneladas.
Quanto aos metais básicos, que representam cerca de 12% do Ebitda da empresa, o níquel também manteve o guidance em 175 a 190 mil toneladas. “A Vale é uma das principais fornecedoras desse metal para a indústria de carros elétricos”, conta Ferrer.
Por outro lado, o cobre enfrenta uma situação um pouco mais desafiadora no curto-prazo, também por conta da guerra na Ucrânia. Desse modo, a Vale estima atingir o limite inferior do guidance, que é de 330 milhões de toneladas.
Quanto ao financeiro, o que pode ser observado?
Segundo Ferrer, o prêmio que a Vale possui em seu minério de ferro fez com que a receita líquida caísse só 14% em relação ao 1T21, mantendo-se em US $10,8 bilhões. Já o Ebitda ficou em US$ 6,4 bilhões, configurando queda de 26% quanto ao mesmo período de 2021.
O lucro líquido, métrica atribuída à remuneração que a companhia oferece aos seus acionistas, foi de US $4,5 bilhões, caindo 20% sobre o mesmo período de um ano atrás.
O que, segundo Ferrer, fez com que ele se mantivesse satisfeito em relação aos resultados, foi a recompra de 500 milhões de ações da companhia, que equivale a 10% de seu capital social. “A empresa vê que suas ações estão bastante baratas e atrativas, decidindo aumentar o seu programa de recompra”, analisa.
Diante de tudo isso, o que o investidor deve fazer?
O primeiro aspecto destacado por Ferrer que deve receber atenção do investidor no momento é a demanda chinesa: “Como grande parte da produção da Vale é destinada à China, é necessário monitorar a demanda do país. Se ela diminuir, pode ser que a empresa sofra”.
Outro fator importante é o dividend yield da companhia que, de acordo com os dados obtidos referentes à rentabilidade e aos resultados, deve ser reportado a mais de 15%, gerando valor para seu acionista.
Além disso, também deve ser levado em conta o programa de recompra que, se comparado aos últimos dois, teve um aumento de 22% na remuneração por acionista. “É um número muito importante que o acionista e o investidor devem ter em mente”, ressalta Ferrer.
Por fim, Ferrer fala sobre o valuation: “A precificação da companhia em bolsa está muito barata”. Ao olhar a métrica de valor da firma sobre Ebitda, a proporção é de 3x. “É uma das empresas mais baratas da bolsa, e por isso gostamos bastante”, avalia.
Ferrer conclui: “O valor de tela da empresa está muito abaixo de seu valor intrínseco. Esse valuation atrativo faz com que sigamos bastante otimistas com a tese em Vale”.
Conheça a série Melhores Ações da Bolsa
Além do vídeo, foi disponibilizado por Ferrer um relatório para a série Melhores Ações da Bolsa, exclusiva para assinantes, com todos os detalhes relacionados aos resultados da Vale.
Para ficar a par de diversos conteúdos relacionados às ações da bolsa e ter acesso a recomendações exclusivas de investimentos, basta clicar aqui e se tornar assinante da série.
Sobre o autor
Melissa Bumaschny Charchat