Apple, Berkshire Hathaway, Google, Netflix. As maiores empresas do mundo — com lucros à altura —, aquelas que todo mundo conhece. Só que com um problema em comum: eram quase inalcançáveis para o investidor pessoa física. Eram, antes da chegada dos BDRs – vamos te explicar melhor agora!
Antes, para garantir participação nessas companhias, havia duas opções: abrir conta no exterior — com eventuais barreiras linguísticas ou cambiais — ou ser um investidor qualificado, ou seja, ter mais de R$ 1 milhão em recursos financeiros.
Nada simples, como bem sabemos.
Mas nem tudo foi ruim em 2020. Em 22 de outubro, o jogo mudou: a B3 liberou o acesso aos BDRs (sigla para Brazilian Depositary Receipts) para todos os investidores comuns. Basta ter uma conta numa corretora brasileira.
Mas o que são os BDRs?
Os BDRs, em uma linguagem mais técnica, tratam-se de ativos mobiliários emitidos no Brasil por instituições depositárias que possuem como lastro valores mobiliários emitidos no exterior. Não entendeu nada? É simples: isso significa, basicamente, que uma instituição financeira (como um banco) compra essas ações no exterior e as reemite no Brasil.
Na prática, isso significa que você pode comprar esses ativos e surfar nos lucros de potências empresariais, como Apple, McDonald’s, Netflix e por aí vai.
Peculiaridades do BDR
Mas, vamos com calma. Um BDR é diferente da ação propriamente dita: trata-se de uma representação.
As instituições depositárias (como o Itaú) têm a responsabilidade de garantir que os valores dos BDRs estejam compatíveis com os valores da ação que representam.
Isso significa que não haverá grande descasamento entre o valor do BDR e o valor da ação que ele representa.
Mas, não necessariamente, o valor de um BDR é igual ao valor de uma ação.
Cada ação da Apple, por exemplo, dá lastro à emissão de 10 BDRs na B3. Para uma ação da Netflix (NFLX34), se faz necessário 50 BDRs.
Com isso, destacamos aqui que o valor de um BDR varia de ativo para ativo.
É importante entender isso porque, dessa forma, entendemos que o valor de um BDR não será obtido, via de regra, multiplicando a cotação no mercado exterior pela cotação de dólar frente ao real.
E falando em valores, o lote padrão também é diferente das ações comuns. Ao passo que uma empresa brasileira é negociada de 100 em 100 ações — tendo como alternativa o mercado fracionário —, um BDR é negociado de 1 em 1.
Por fim, o nome dos BDRs. Esses ativos podem ser identificados por códigos (ou tickers) de quatro letras, assim como as ações de empresas brasileiras. Os tickers dos BDRs, no entanto, são acompanhados por dois números: 34 ou 35.
E vale a pena investir em BDRs?
A pergunta de R$ 1 milhão. A resposta: depende.
Diversificar o portfólio é uma necessidade, como tantas vezes defendemos aqui na Empiricus. Com o advento dos BDRs, a diversificação internacional se tornou ainda mais acessível.
Mas, assim como ações de empresas brasileiras, nem todos os BDRs são atrativos a ponto de merecerem o seu dinheiro.
A fim de tangibilizar isso: João Piccioni, na série As Melhores Ações do Mundo, partiu de uma amostragem de 4.000 ações americanas. Após aplicar o primeiro filtro, o número cai para 2.155 empresas. No segundo, cai para 250. Por fim, chega-se às 8 que ele chama de “verdadeiras joias, ou seja, ações capazes de se multiplicar por diversas vezes”.
Então, a pergunta certa não é “se”, mas “qual”.
O mercado se tornou mais democrático, isso não se pode negar. Mas encontrar boas oportunidades ainda é uma habilidade valiosíssima, que nossos especialistas exercitam todos os dias.
Se você quer, verdadeiramente, lucrar com a exposição internacional: conte conosco. Nossos relatórios, como Carteira Empiricus e As Melhores Ações do Mundo te ajudarão com isso.
E caso queira ter um overview de algumas recomendações já feitas: Apple (AAPL34) e Berkshire Hathaway (BERK34).